28/04/2016

Qual o sentido da homofobia?


PARANDO PRA PENSAR sobre a necessidade pública da virilidade

Há algum tempo confesso que brincadeiras e piadas com homossexuais me faziam rir, assim como com qualquer outro contexto socialmente oprimido, ainda que eu não fosse o gerador delas, por haver um mínimo de respeito da minha parte pelo outro ser humano (independente de escolha sexual, cor, etc). No entanto, há pouco conclui que achar graça de tudo isso que acontece de forma insana na nossa frente, é também uma reprodução desse preconceito, ainda que inconscientemente, ainda que pensemos que rir não é nada demais. Errado! Rir é reproduzir a opressão. Rir é omitir socorro!

Hoje aconteceu uma coisa muito estranha, que foi tão surreal que eu ainda não estou acreditando se realmente foi verdade, se era apenas uma brincadeira e a "vítima" estava levando "numa boa" e eu quem estava demasiadamente preocupado com a situação; mas o fato é que foi uma coisa muito comum de se acontecer e ninguém reflete sobre isso. E o que mais me deixou indignado é que, apesar de pensar diferente de todo mundo ali naquela hora, eu fui omisso, eu reproduzi a opressão. Não de forma ativa, pois não agredi ninguém, mas também não defendi. E a partir do momento em que eu respondo com omissão, eu também sou conivente, eu também fico do lado que agride.

Largando às 19:15, com pressa por querer pegar um filme no cinema às 19:40, decidi trocar de roupa, após o trabalho, no vestiário conjunto, onde todos os funcionários o utilizam, algo que normalmente evito pelo fato de que a falta de educação elimina uns 50% do meu "life" do dia. Um exemplo disso é ter de compartilhar telefones celulares tocando músicas que eu não pedi para ouvir, discussões agressivas sobre futebol que eu não estou nem aí para quem ganhou ou perdeu, ou ter de colocar a roupa em cima dos sapatos para não colocar no chão, pois toda a prateleira está ocupada. Mas, hoje, eu preferi me trocar no vestiário conjunto.

Passados uns 2 minutos após eu ter entrado e começado a minha troca, percebo que um homem começa a se trocar próximo a um outro armário e um outro cara começa a fazer brincadeiras e piadas com um rapaz que estava há 1 metro de mim, do tipo: "cuidado, não se troca sem cueca aqui não, porque fulano tá aqui", e um monte de gente começava a rir, fazendo graça da possível sexualidade do rapaz. Se o cara era homossexual ou não, não sei, e tampouco me interessa, tampouco faz diferença para mim. Além disso, enquanto o rapaz, totalmente constrangido, com um monte de gente fazendo piadas e brincadeiras de sua sexualidade, e ele sozinho em meio a uns 8 homens escrotos, um deles dava tapas em sua bunda, enquanto ele se arrumava rapidamente para sair daquele contexto hostil. Ele, em minoria, acuado, sem poder para reagir, apenas pedia para o cara parar. Mas não adiantava.

Eu fiquei muito sério, meio desnorteado, sem entender o que de fato acontecia, exatamente por não conhecer as pessoas envolvidas nesse caso. Eu tentava entender se realmente havia alguma intimidade ali entre "amigos", se aquilo era algum tipo de palhaçada entre amigos, ou se realmente era um contexto homofóbico. E, nessa tentativa de entender, eu ficava com minha atenção e olhar totalmente direcionado para a "vítima" enquanto eu me trocava, tentando captar alguma resposta não-verbal que me fizesse entender o que estava acontecendo, e também torcendo para captar um: "Poha! Vocês me respeitem. Vocês podem pensar o que vocês quiserem, mas me respeitem. Não interessa! Isso é o mínimo! E a próxima vez que você tocar em mim (se referindo ao tapa na bunda), você vai para a delegacia". Eu estava torcendo para: ou captar que, de fato, aquilo era só uma brincadeira infantil e a própria vítima estava também levando na brincadeira (o que também não deixa de ser preocupante), ou captar que aquilo realmente era uma coisa séria.

E a conclusão não demorou. Entre tapas, brincadeiras e assédio moral, percebia que a "vítima" ficava cada vez mais inquieta, séria, constrangida e organizava seus pertences em uma mochila com uma rapidez que, se eu o tivesse imitado não teria perdido o horário do filme no cinema. Nessa velocidade em organizar suas coisas para ir embora de toda aquela zona de conflito, sem perder uma oportunidade, enquanto eu estava saindo do vestiário, ainda ouvi falarem: "Cuidado pra não rasgar a mochila com essa agonia toda! (E todos riam, como uma forma de valorização da ideia da soberania do HOMEM MACHO sobre o HOMEM MULHERZINHA)".

Não é preciso ser homossexual para se colocar no lugar de constrangimento que aquele cara passou, e também no MEDO que ele sentiu. Sim, medo! Claro! Vocês têm dúvida de que aquele cara sentiu medo? Como um ser humano deve se sentir diante de outros que não respeitam o seu semelhante? O mesmo deve sentir uma mulher, quando anda de saia à noite. O problema não está na escolha sexual, o problema não está na saia curta. O problema está na desumanidade cada vez mais presente na humanidade. E assim como não preciso ser homossexual para me colocar no lugar dele, também não preciso ser uma criatura escrota simplesmente pelo fato de ser heterossexual. E estou usando o termo "criatura escrota" como um nível acima do patamar "machista", uma vez que, inevitavelmente, ainda vivemos em uma sociedade machista, e ainda que se tenha um pensamento diferente, é difícil afirmar ser 100% não-machista. Isso seria hipocrisia, uma vez que ainda existem comportamentos e hábitos que ainda são "medulares" (fazendo analogia às respostas mediadas por reflexos oriundos da medula espinhal, ou seja, que não passam pelo encéfalo). É cultural (infelizmente) um comportamento ou outro machista, mas que bom que isso está em evolução. Entenda e perceba que não estou afirmando que: "ahhh, é cultural, sempre foi e vai ser assim, não posso fazer nada. Fodam-se, vão ter que conviver com isso". Nada disso. O que trago é apenas uma constatação histórico-cultural. O que podemos mudar é o presente e o futuro; mas a constatação sociocultural, não.

Diante dessa insanidade, muitos pensamentos no caminho de volta para casa: 1) "Por que eu não fiz nada?"; 2) "Eu poderia fazer alguma coisa?"; 3) "Se eu o defendesse, as pessoas iam pensar que eu também sou homossexual"; 4) "Pensar isso também não seria um preconceito da minha parte?"; 5) "Eu estou chegando agora nesse local de trabalho, talvez não entenda as relações que as pessoas têm entre si. Será que seria muita exposição eu chegar agora, do nada, e já ir me intrometendo numa discussão dessas pessoas? O que fazer?"; 6) "Será que eu não intervi porque também seria minoria e, no fim das contas, ia haver um deslocamento do assédio para o meu lado?"; 7) "A minha omissão permitiu tudo aquilo?"; 8) "A minha intervenção poderia interromper tudo aquilo?"; 9) "Será que eu fui covarde diante da minha omissão?"; 10) "Será que seria precipitação se falasse algo?".

Mas, então, eu me pergunto: qual o sentido da homofobia? O que leva um homem à colossal necessidade de tornar pública a sua virilidade? Qual a necessidade de mostrar que EU SOU MACHO PRA CARALHO E ELE É UMA BICHINHA MANHOSA? Qual a necessidade disso? O que se ganha com isso? Ganha-se mais respeito pelas outras "criaturas escrotas"? Faz sentido ser respeitado à medida que desrespeita outrem? Qual o objetivo de diminuir um outro ser humano simplesmente porque ele não compartilha dos seus gostos? Isso o torna menor? Isso o torna incapaz? Isso o torna objeto de graça? Ainda que fosse menor, incapaz e objeto de graça, o que se ganharia com isso? O que eu ganharia diminuindo uma outra pessoa?

No que a minha vida muda se uma outra pessoa gosta de uma criatura do mesmo sexo? Nada, não muda nada. Muito pelo contrário. Se isso a faz feliz, então, ótimo. Seja feliz! O mundo precisa de mais pessoas felizes, pessoas que são aquilo que realmente desejam, que trabalham naquilo que realmente sonham, que estão ao lado daqueles que realmente amam. Isso não é problema. Muito pelo contrário, isso é a solução. E a solução está na liberdade e na igualdade por dignidade.

Então, para quem pensa que outra pessoa é menor e digna de PENA ou DESPREZO por se comportar sexualmente diferente, é bom parar pra pensar.

Abraços!

Rafael Urquisa

25/04/2016

Sobre fazer amizade no ônibus ou sentir Deus cuidar de você

Em 25 de abril de 2016 20:41, Taynan Barbosa <e-mail ocultado> escreveu:

Hoje foi uma daquelas tardes improdutivas pro estudo...

Após o almoço fui pra Biblioteca Central tentar estudar um pouco do MUITO assunto que tenho acumulado pra ler... Sentei em frente ao computador, abri e-mail, baixei arquivos, ensaiei  escrever um artigo, olhei alguns sites, mas nada fluia... Tava com um incômodo chato, uma certa ansiedade pelo nem sei o quê, então após duas horas de tentativa frustrada de fazer algo que se aproveite decidir voltar pra casa...

Ao sair da bib percebi que chovia no campus e um misto de preguiça em abrir a sombrinha e desejo de tomar banho de chuva saí caminhando sentindo o chuvisco fininho que caia... Na parada do ônibus pensava procurando entender o que me incomodava e me impedia de conseguir estudar, talvez seja a quantidade de novos conteúdos que tenho para ler e apreender e a nova rotina que estejam me deixando ansiosa e com um leve receio de não dar conta.. Não soube dizer ali pra mim mesma o que era e ainda não sei... Pensei também entre ir pra casa ou ir direto ao Derby para uma reunião que teria mais tarde... 

Por fim, como no jogo do acaso, desses que gosto de propor a mim mesma vez e sempre, decidi que o primeiro ônibus que passasse eu pegaria (quer fosse p/ casa, quer fosse pro Derby)... Esperei por uns 15 min quando finalmente veio o Macaxeira/Tancredo Neves... Subi no ônibus e vi que tava cheio: "Aff! Ngm merece! Ao menos é BRT tem um pouco mais de espaço/conforto"

E aí que começa a "contação" que quero partilhar hoje...

Eu em pé, percebo que no lado oposto ao que eu estava tinha um rapaz prestas a descer, assim que ele levantou me virei pro lugar que era dele e então vi que ao seu lado tinha duas meninas, uma aproveitou o espaço vago e se afastou mais para ocupá-lo enquanto, ao mesmo tempo fui logo me achegando e dizendo: deixa eu sentar aqui também, cabe nós três ou tem alguém muito gorda aqui?

Elas se juntaram, deram espaço pra eu me sentar e Ludmila disparou: você é uma rainha. - Eu? Ah! Obrigada! Aí foi a vez de Catarina falar: É, qm tem cachinhos é Rainha! (Pegando no meu cabelo) - Vocês também são rainhas! E logo Ludmila (Mel) respondeu: Não, nós temos cabelo liso, quem tem cabelo cacheado é rainha, quem tem cabelo liso é princesa! - Tá bem, então. Eu sou uma rainha e vocês princesas...

Daí se iniciou uma gostosa conversa de pelos menos uns 20 minutos..
Logo quem? Eu que não gosto nadinha de conversar.

Essa breve conversa me rendeu tantas reflexões, mas vou tentar sintetiza-las aqui...

Ludmila perguntou meu nome, respondi e elas se apresentaram... Ludmila (ou Mel, como Catarina a chamava) tem 6 anos, Catarina tem 8. As duas muito simpáticas e afetuosas... Falamos sobre a escola, as brincadeiras que elas gostam, a família... Foi quando entendi que elas q tinham se apresentado como irmãs, na vdd eram primas... E Ludmila me explicou que Catarina tinha um segredo que elas não poderiam contar... Nas cadeiras do lado avó e mãe de Ludmila acompanhavam nossa conversa...  Catarina me perguntou se eu tinha namorado, logo respondi que não. "Não, Catarina! Namorado dá muito aperreio e cabelo branco, ó (e mostrei os fios brancos que já tenho hahah)! Bom mesmo é brincar...

Enfim, falamos tanto, sobre tanta coisa boa nesses minutinhos que me renderia várias outras contações sobre os temas falados e as reflexões que me causaram...

Mas pra não cansar ninguém hoje vou me deter a falar aqui da reflexão maior que essa situação me causou...

Eu sou uma criatura extremamente comunicativa (quem me conhece BEM SABE) e de uma necessidade gregária quase vital, do tipo que puxo conversa em tudo que é canto (sou dessas mesmo) e os ônibus são um lócus bem privilegiado pra isso, todavia venho percebendo ao longo do tempo tenho ficado mais fechada às  pessoas, sobretudo nas minhas andanças viárias, sento, coloco os fones de ouvido e quando alguém puxa papo nem dou mais tanto cartaz...

Mas hoje, justo hoje, tinha que ter duas criaturinhas no ônibus que atrairiam e me fisgariam numa conversa tão boa que me fez repensar o que tem me feito estar mais fechada ao contato com o próximo? Será a rotina, a agitação e correria ou as marcas das relações que tenho traçado na vida e que de alguma forma me impelem a ser minimamente menos expansiva (qse que sem mt sucesso)? Não sei, mas penso que foi bom pra repensar as oportunidades de ter uma boa conversa, partilhar boas coisas... O evangelho das boas novas, por exemplo, em muitas situações cotidianas...

Ainda to pensando sobre isso sem uma conclusão exata sobre...

A outra sensação/reflexão foi sobre o sentir, o cuidar de Deus na nossa vida... Essa tarde que eu tava no misto de desânimo e frustração por não ter conseguido estudar e, enquanto julgava ter "brincado de acaso" sobre que destino tomaria, Deus colocou no meu caminho aquele ônibus com aquelas criaturinhas que me proporcionaram uma conversa tão simples e trivial, mas que me deixaram com o coração mais leve...

Não foi o acaso, NOVAMENTE, foi Deus. Cuidando de mim, colocando duas anjinhas que me remeteram à doçura da infância e me deixaram com o coração leve...

Certa vez eu aprendi, não sei onde nem com quem, que ouvir a voz de Deus é fácil quando buscamos ter contato com ele... É como falar ao telefone com alguém muito próximo a nós, ainda que não tenha identificador do número ao ouvir a voz de um conhecido logo a reconhecemos... E foi exatamente isso que senti nessa tarde... O cuidado e a voz de Deus falando comigo desde o "você é uma rainha", até a despedida quando Mel me apertou e deu um beijo e disse que na próxima vez ela me contaria uma história...

A mãe dela disse que ela não me encontraria mais e eu ainda viajando no nosso papo cabeça e no vínculo que formou ali disse: outro dia vocês pegam esse ônibus de novo e continuamos a conversar.

Concluo que Deus é bom o tempo todo, o tempo todo Deus é bom.
E não há nada melhor do que sentir sua presença através de suas criações.
Segui minha jornada rumo minha casa com gratidão e alegria no coração.

23/04/2016

Você já concluiu seus estudos? (Versão II)

 


PARANDO PRA PENSAR sobre a conclusão dos estudos (II)

Em uma formatura de uma amiga, ainda que com alcoolemia elevada, uma coisa me chama a atenção e até arrepia: em meio à descida dos formandos surge uma cabeça branca. É um senhor com a idade por volta de uns 60 anos, talvez mais, talvez menos. De marcha um pouco menos veloz, cabelos totalmente brancos, abdome globoso pela sua fisiologia hormonal já "cansada de guerra" e marcas de experiência no rosto, um típico "senhor de idade", considerando o ponto de vista CRONOLÓGICO, anatômico, fisiológico. Ele desce usando um chapéu de couro, com a música Paraíba de Luiz Gonzaga. Se é paraibano, não sei, se é oriundo do sertão, também não sei. Mas, com certeza, pela idade, pela música, pelo que quis representar naquele momento, houve muita luta e muita superação, assim como comumente é na vida de um sertanejo, na vida de um nordestino. E isso me fez pensar muito no texto que havia escrito "Você já concluiu seus estudos?". E me fez pensar mais ainda e especificamente na frase do filme "O aluno", que até cito no texto: "você não termina de aprender enquanto não tiver terra em seus ouvidos".

E, mais do que admiração, e de ter PARADO PRA PENSAR novamente sobre a conclusão dos nossos estudos, eu parei também pra pensar sobre o quanto eu poderia também devolver para aquele senhor o sentimento que ele me proporcionou. Mas como? Simplesmente valorizando aquilo. Eu poderia ter ido até ele e compartilhado o que eu estou escrevendo aqui agora (depois da formatura), exatamente isso. Tenho certeza que isso faria bem pra ele, valorizaria seu esforço, e poderia motivá-lo mais ainda para sempre continuar nesse sentido. Lembro sempre, há muitos anos, de uma vez que, em uma livraria, quando abri a biografia de Einstein. A primeira frase que li: "A vida é como andar de bicicleta: para ter equilíbrio você tem que se manter em movimento". É isso: se você para de aprender, para de sonhar, para de seguir seu caminho, você cai, você morre enquanto existência (permanecendo apenas como substrato).

E também surge a curiosidade: qual a real idade daquele senhor, o que havia feito todo esse tempo antes, seria a segunda ou terceira graduação, teria agora realizado o sonho de se formar em algo, teria iniciado uma graduação após a aposentadoria? Não sei, assim como também não sei se é paraibano, nem se é do sertão. Não sei de nada, simplesmente porque perdi a OPORTUNIDADE. Já discutimos em texto anterior sobre oportunidade. E essa passou. Perdi. E o tempo corre pra frente. Mas serve de experiência para uma ocasião semelhante no futuro.

Então, quando acharmos que estamos velhos demais para estudar ou que já concluímos os nossos estudos, é bom não só PARAR PRA PENSAR, como também usar a história desse cara como exemplo.

Forte abraço!

Rafael Urquisa

20/04/2016

O quanto a propaganda nos influencia?

 


Documentário "PROPAGANDA":
https://www.youtube.com/watch?v=kO8YP45rAik

Compartilho um documentário interessante, o qual mostra os métodos que a PROPAGANDA utiliza para MANIPULAR, NEUTRALIZAR e/ou ANESTESIAR a sociedade, demonstrando claramente como ela é usada pelas empresas, governos, religiões, grupos terroristas, políticos, arte, etc. Muito bom! Ele mostra, inclusive, a farsa da democracia, disfarçada de simples eleições, e como a propaganda é capaz de despertar a motivação na sociedade de uma forma serena, para que os manipulados sigam à "forca" determinados, felizes e sorridentes (e iludidos). O vídeo se dirige principalmente à influência norte-americana sobre o resto do mundo, contada a partir de uma perspectiva norte-coreana. Vale a pena.

Você é TOTALMENTE responsável pelo que pensa e faz? Será que a propaganda (a mídia) não exerce nenhuma influência sobre isso?

Diante dessas duas questões lembrei da citação de Sócrates: "Quem não pensa é pensado por outros". Às vezes (muitas vezes) (quase sempre) (toda hora) a mídia empurra hábitos e valores guela-a-dentro, pensando por nós, influenciando comportamento, pensamento, valores e o que quer que seja. E aí, independente de vermos essa dualidade norte-americana e norte-coreana um pouco de longe, isso nos permite refletir sobre as influências que NÓS TAMBÉM recebemos e somos manipulados por ESSAS PROPAGANDAS (não só empresariais, mas sociopolíticas de uma forma geral). Ficam essas duas perguntas, então, para se pensar depois do vídeo. :)

Forte abraço!

Rafael Urquisa

11/04/2016

Sobre crescer e perceber que não dependemos de ninguém para ser feliz

Em 11 de abril de 2016 07:57, Taynan Barbosa <e-mail ocultado> escreveu:

Depois de muitos anos namorando eis que a solteirice me permitiu uma grande lição: a de aprender a gostar da minha própria companhia. Isso parece ser muito óbvio para muitos, mas para aqueles que, como eu, são de um espírito gregário e/ou passaram/estão num relacionamento de longa data isso parece soar estranho até.

Não digo que isso implique dizer que antes eu não me amava e/ou que isso ocorria pelo fato de estar num relacionamento amoroso, mas hoje eu acredito que aprender a gostar da própria companhia é uma lição que se aprende aos pouquinhos... E isto se constitui em algo diferente de ser solitário e/ou querer isolar-se, mas da necessidade de ter alguns instantes só consigo mesmo...

Tem sido assim, aos pouquinhos que vou me afeiçoando mais a minha doce companhia...

Hoje foi um daqueles dias preguiçosos onde não dá vontade de fazer nada... Mas eis que me surge a vontade de ir olhar o mar... Pensei em quem poderia ir comigo, mas diante da ausências de candidato/as lembrei da melhor companhia, meu próprio eu.

E foi assim que levantei-me, tomei banho, escolhi uma roupa bonita, me perfumei, botei algumas coisas numa bolsinha e peguei um livro (é, aquele mesmo que tem andado comigo p cima e pra baixo)... Minha mãe acompanhando o movimento indagou aquelas perguntas de praxe: Tu vai sair? Vai pra onde?

- Vou, vou ali na orla olhar o mar.
E ela seguiu... E tu vai com quem? vai encontrar alguém lá?
- Não, mainha. Eu vou sozinha. Vou lá, Já já volto.

Engraçado como aquilo pode ter soado estranho pra ela e talvez até  inacreditável, imaginando que eu apenas n quisesse revelar quem me acompanharia... Mal sabe ela que eu estava indo curtir um pouco da minha companhia fazendo uma das coisas que mais gosto: olhar o mar.

Essa situação me lembrou na hora de uma conversa que tive com uma amiga esses dias... Falávamos justamente sobre fim de relacionamentos longos e da falta que faz ter alguém pra desfrutar de momentos simples no cotidiano... Aí comentei como tenho aprendido a gostar de estar acompanhada de mim mesma e que atividades que antes me pareciam até deprimentes de fazer sozinha, como ir ao cinema, podem ser sim bem agradáveis...

Bem, tô indo lá olhar o mar e esperar ver o Sol se por. Vou bonita, perfumada e feliz com a bela companhia de um livro e de mim mesma.
Quero dedicar essa "contação" pra aquela amiga com quem conversei esses dias e com uma outraa que foi sempre uma grande incentivadora para que eu me permitisse "estar só" sem estar desacompanhada. (:

Enviado do meu iPhone

01/04/2016

Você é melhor do que quem?

 

PARANDO PRA PENSAR sobre o risco da "super-humanidade"

Final do ano passado conheci um bombeiro militar do Estado da Bahia em um congresso que ocorreu em Salvador sobre Suporte Básico de Vida em Cardiologia. E, infelizmente, no início desse ano surgiu a notícia em rede nacional de um bombeiro militar que morreu após ser levado pela correnteza durante um resgate que tentava realizar. Era muito intrigante pensar que poucos meses antes você estava treinando Reanimação Cardiopulmonar com uma pessoa que poucos meses depois entraria para essa estatística.

E isso me voltou à cabeça um dia desses, quando passei em frente a um quartel do Corpo de Bombeiros Militar. E, mais do que refletir sobre as causas do acidente, possíveis descuidos ou não, cabe-nos refletir sobre o risco da "super-humanidade". O fato aqui não é se o bombeiro ultrapassou os limites do que lhe era possível ou não, até porque, quando se ama o que faz, como ele demonstrava fazê-lo, os limites para salvar outra vida são mais flexíveis que o habitual. É de se entender. Mas nos cabe refletir sobre o quanto não somos nada. O quanto nos julgamos melhores e diferentes de todas as outras espécies simplesmente pelo fato de sermos sapiens. Grande bosta! O fato de ser sapiens nos permite apenas uma vida diferente, buscando melhores condições de uma forma mais lógica e planejável. No entanto, não nos torna MELHORES. E é sobre esse risco que me refiro.

Às vezes, o pensamento de que somos capazes de CONTROLAR E MANIPULAR todas as outras coisas, espécies, fenômenos da natureza, traz prepotência, autoconfiança e um sentimento de super-herói da vida. E isso pode ser perigoso, dado o risco que isso envolve. A meteorologia nunca vai ser MELHOR do que a natureza. As boias nunca vão ser MELHORES do que a correnteza. O avião NUNCA vai ser melhor do que a força da gravidade. O remédio NUNCA VAI SER MELHOR do que a morte inevitável. Existem variáveis que são sobre-humanas; e o ser humano, com sua super-humanidade, apenas se ilude de que ele é melhor e pode controlar tudo. Mas não pode. E, caso se tenha (ou ache que tenha) um mínimo de controle, isso não nos torna melhor e ABSOLUTAMENTE SUPERIORES. Não! Você não é melhor do que nada; é apenas diferente.

Bombeiros com muitos anos de profissão e experiência podem morrer no mar. Aviões com muitas horas de voo podem cair. Por que? Por que não somos superiores à natureza. O que te torna melhor que ela? O que te torna melhor que outra pessoa? O que te torna melhor que outro animal? O raciocínio e capacidade de memória? E o teu olfato, compara com o do cão. Então eles se acham melhores que nós por isso. Veja como as coisas são relativas. É muita presunção superestimar a nossa existência.

Então, até antes desse dia eu pensava o quão insano e cômico seria um nadador profissional que entrasse em um mar desconhecido com uma boia abaixo do braço (ou qualquer outro instrumento de flutuação). Seria engraçado. No entanto, conclui que isso seria uma das maiores atitudes de razão e humildade, ao reconhecer que, INEVITAVELMENTE, somos limitados. Aquela cena, a priori cômica, era, na verdade, uma lição de moral para aqueles que acreditam que pelo fato de serem "super-homens", a natureza não engole. Cuidado!

Rafael Urquisa