Em 25 de abril de 2016 20:41, Taynan Barbosa <e-mail ocultado> escreveu:
Hoje foi uma daquelas tardes improdutivas pro estudo...
Após o almoço fui pra Biblioteca Central tentar estudar um pouco do MUITO assunto que tenho acumulado pra ler... Sentei em frente ao computador, abri e-mail, baixei arquivos, ensaiei escrever um artigo, olhei alguns sites, mas nada fluia... Tava com um incômodo chato, uma certa ansiedade pelo nem sei o quê, então após duas horas de tentativa frustrada de fazer algo que se aproveite decidir voltar pra casa...
Ao sair da bib percebi que chovia no campus e um misto de preguiça em abrir a sombrinha e desejo de tomar banho de chuva saí caminhando sentindo o chuvisco fininho que caia... Na parada do ônibus pensava procurando entender o que me incomodava e me impedia de conseguir estudar, talvez seja a quantidade de novos conteúdos que tenho para ler e apreender e a nova rotina que estejam me deixando ansiosa e com um leve receio de não dar conta.. Não soube dizer ali pra mim mesma o que era e ainda não sei... Pensei também entre ir pra casa ou ir direto ao Derby para uma reunião que teria mais tarde...
Por fim, como no jogo do acaso, desses que gosto de propor a mim mesma vez e sempre, decidi que o primeiro ônibus que passasse eu pegaria (quer fosse p/ casa, quer fosse pro Derby)... Esperei por uns 15 min quando finalmente veio o Macaxeira/Tancredo Neves... Subi no ônibus e vi que tava cheio: "Aff! Ngm merece! Ao menos é BRT tem um pouco mais de espaço/conforto"
E aí que começa a "contação" que quero partilhar hoje...
Eu em pé, percebo que no lado oposto ao que eu estava tinha um rapaz prestas a descer, assim que ele levantou me virei pro lugar que era dele e então vi que ao seu lado tinha duas meninas, uma aproveitou o espaço vago e se afastou mais para ocupá-lo enquanto, ao mesmo tempo fui logo me achegando e dizendo: deixa eu sentar aqui também, cabe nós três ou tem alguém muito gorda aqui?
Elas se juntaram, deram espaço pra eu me sentar e Ludmila disparou: você é uma rainha. - Eu? Ah! Obrigada! Aí foi a vez de Catarina falar: É, qm tem cachinhos é Rainha! (Pegando no meu cabelo) - Vocês também são rainhas! E logo Ludmila (Mel) respondeu: Não, nós temos cabelo liso, quem tem cabelo cacheado é rainha, quem tem cabelo liso é princesa! - Tá bem, então. Eu sou uma rainha e vocês princesas...
Daí se iniciou uma gostosa conversa de pelos menos uns 20 minutos..
Logo quem? Eu que não gosto nadinha de conversar.
Essa breve conversa me rendeu tantas reflexões, mas vou tentar sintetiza-las aqui...
Ludmila perguntou meu nome, respondi e elas se apresentaram... Ludmila (ou Mel, como Catarina a chamava) tem 6 anos, Catarina tem 8. As duas muito simpáticas e afetuosas... Falamos sobre a escola, as brincadeiras que elas gostam, a família... Foi quando entendi que elas q tinham se apresentado como irmãs, na vdd eram primas... E Ludmila me explicou que Catarina tinha um segredo que elas não poderiam contar... Nas cadeiras do lado avó e mãe de Ludmila acompanhavam nossa conversa... Catarina me perguntou se eu tinha namorado, logo respondi que não. "Não, Catarina! Namorado dá muito aperreio e cabelo branco, ó (e mostrei os fios brancos que já tenho hahah)! Bom mesmo é brincar...
Enfim, falamos tanto, sobre tanta coisa boa nesses minutinhos que me renderia várias outras contações sobre os temas falados e as reflexões que me causaram...
Mas pra não cansar ninguém hoje vou me deter a falar aqui da reflexão maior que essa situação me causou...
Eu sou uma criatura extremamente comunicativa (quem me conhece BEM SABE) e de uma necessidade gregária quase vital, do tipo que puxo conversa em tudo que é canto (sou dessas mesmo) e os ônibus são um lócus bem privilegiado pra isso, todavia venho percebendo ao longo do tempo tenho ficado mais fechada às pessoas, sobretudo nas minhas andanças viárias, sento, coloco os fones de ouvido e quando alguém puxa papo nem dou mais tanto cartaz...
Mas hoje, justo hoje, tinha que ter duas criaturinhas no ônibus que atrairiam e me fisgariam numa conversa tão boa que me fez repensar o que tem me feito estar mais fechada ao contato com o próximo? Será a rotina, a agitação e correria ou as marcas das relações que tenho traçado na vida e que de alguma forma me impelem a ser minimamente menos expansiva (qse que sem mt sucesso)? Não sei, mas penso que foi bom pra repensar as oportunidades de ter uma boa conversa, partilhar boas coisas... O evangelho das boas novas, por exemplo, em muitas situações cotidianas...
Ainda to pensando sobre isso sem uma conclusão exata sobre...
A outra sensação/reflexão foi sobre o sentir, o cuidar de Deus na nossa vida... Essa tarde que eu tava no misto de desânimo e frustração por não ter conseguido estudar e, enquanto julgava ter "brincado de acaso" sobre que destino tomaria, Deus colocou no meu caminho aquele ônibus com aquelas criaturinhas que me proporcionaram uma conversa tão simples e trivial, mas que me deixaram com o coração mais leve...
A outra sensação/reflexão foi sobre o sentir, o cuidar de Deus na nossa vida... Essa tarde que eu tava no misto de desânimo e frustração por não ter conseguido estudar e, enquanto julgava ter "brincado de acaso" sobre que destino tomaria, Deus colocou no meu caminho aquele ônibus com aquelas criaturinhas que me proporcionaram uma conversa tão simples e trivial, mas que me deixaram com o coração mais leve...
Não foi o acaso, NOVAMENTE, foi Deus. Cuidando de mim, colocando duas anjinhas que me remeteram à doçura da infância e me deixaram com o coração leve...
Certa vez eu aprendi, não sei onde nem com quem, que ouvir a voz de Deus é fácil quando buscamos ter contato com ele... É como falar ao telefone com alguém muito próximo a nós, ainda que não tenha identificador do número ao ouvir a voz de um conhecido logo a reconhecemos... E foi exatamente isso que senti nessa tarde... O cuidado e a voz de Deus falando comigo desde o "você é uma rainha", até a despedida quando Mel me apertou e deu um beijo e disse que na próxima vez ela me contaria uma história...
A mãe dela disse que ela não me encontraria mais e eu ainda viajando no nosso papo cabeça e no vínculo que formou ali disse: outro dia vocês pegam esse ônibus de novo e continuamos a conversar.
Concluo que Deus é bom o tempo todo, o tempo todo Deus é bom.
E não há nada melhor do que sentir sua presença através de suas criações.
Segui minha jornada rumo minha casa com gratidão e alegria no coração.
E não há nada melhor do que sentir sua presença através de suas criações.
Segui minha jornada rumo minha casa com gratidão e alegria no coração.
Em 25 de abril de 2016 21:54, Rafael Urquisa <rafaelurquisa@gmail.com> escreveu:
1) Olhar a vida além da superfície é do caralho! E isso não é papo de bêbado, de maconheiro, de "alternativo", de filósofo. É papo de quem tá aqui de passagem, mas não a passeio. São coisas diferentes. Olhar a vida além da superfície é tentar achar sentido nas coisas (mesmo elas sendo sem sentido, ou de explicação notória, que não se explica cartesianamente).
2) Estou ansioso para um novo encontro de vocês três
3) Você, facilmente, será inesquecível na vida dessas duas pessoinhas. Talvez elas não lembrem seu rosto, sua voz, não lembrem de você quando estiverem adultas e cruzarem com você em algum local. Mas, minimamente, algo no inconsciente vai dizer, ao se encontrar: "Eu lembro de você de algum lugar. A gente não já se conhece?". E ainda que não lembrem da sua pessoa, lembrarão sempre de uma rainha (e dos cabelos dessa rainha) que elas conversaram em um determinado ônibus, em um determinado dia, em um determinado local.
4) Talvez elas estejam conversando sobre você agora, entre si ou contanto para o pai em casa.
5) Talvez o que vocês tenham conversado siga pro resto da vida na personalidade dessas crianças.
6) A emoção da conversa é que a torna inesquecível. E pra uma CRIANÇA se sujeitar a contar um segredo, é porque teve muita emoção/sentimento/afeto envolvido.
7) Momento post-it! O texto é incrível. A escrita é incrível. Mas sugiro evitar o uso frequente das reticências. Perceba que você raramente usa um ponto final; mas em 95% dos casos, os três pontinhos... Entendo que a ideia dos três pontos é colocar dinamismo ao texto, é colocar "movimento" ao texto. Você está escrevendo o que está passando na sua memória, mas termina cansando. Tá, eu também entendo que a ideia não era escrever um texto profissional. Mas, não importa. É a sua obra. A COERÊNCIA (como o texto teve), claro, é muito mais importante. Mas se você une a COERÊNCIA com a COESÃO, aí vira obra de arte. Sugiro também salvar para a posteridade para um futuro livro de CAUSOS E CONTOS :P
Resumo da ópera:
MUITO FODA!
Xêro! Parabéns. :)
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