21/05/2016

Até onde o preconceito pode nos levar?

 

PARANDO PRA PENSAR sobre a potencialidade do preconceito

Ao assistir a um vídeo falando sobre a Ku Klux Klan (https://www.youtube.com/watch?v=VCWY8YkqcRE), rapidamente me veio à cabeça uma discussão com um colega sobre preconceito, na qual ele afirmou que aqui no Brasil não existe preconceito, que isso tudo é ilusão da minoria. Acreditem, essa frase realmente foi proferida por um ser humano portador de encéfalo. E, infelizmente, eu não a esqueci. Existem coisas que depois de ver e/ou ouvir a gente não consegue "desver" ou "desouvir". Triste para mim. Na hora em que assistia esse vídeo, pensei: "MEU DEUS! Até onde o preconceito consegue chegar? Inacreditável. Se fulano (identidade preservada) assistisse a esse vídeo seria difícil de ele argumentar que o preconceito é ilusão; seria impossível".

Nessa mesma discussão, argumentei que essa era uma realidade muito óbvia, muito evidente em nosso país, na qual nem se precisa de uma longa discussão para se chegar a uma conclusão de que isso é FATO. Exemplifiquei com a seguinte possibilidade: imagine você (apontando para o colega) em uma entrevista de emprego como recepcionista. Você não é negro, não é homossexual, concluiu seu ensino médio, possui todos os dentes, não é cego, não é "doente mental", não é deficiente físico, e pode, atualmente, ir com uma roupa bacana para a entrevista de emprego. Ok, foram muitas variáveis para se pôr em conta. Então, vamos diferenciar apenas em negro, gay e pobre. Imagine em uma entrevista: você, um gay e um negro. Quem ficaria no emprego? Recebo a resposta: "Qualquer um, a depender da competência". Respondo: "Ok, beleza. Agora imagine que você, o gay e o negro fizeram o mesmo curso, na mesma faculdade, mesmas experiências profissionais. Quem ficaria no emprego?". Recebo a resposta: "Nada a ver. Esse negócio de preconceito aqui no Brasil... isso é ilusão!". Retornei: "Ilusão?! É sério, isso?! Beleza, ok". Conclui veementemente a discussão, abismado, com a certeza de que NÃO VALERIA A PENA PERDER MEU TEMPO.

No entanto, a resposta seria o "você". "Você" é o ser humano reconhecido socialmente como "normal" (normal-entre-aspas), reconhecido como uma pessoa eleita para receber outras (no cargo de recepcionista), a qual não desperte "rejeição" nas outras pessoas. E isso pode até mesmo ser uma avaliação inconsciente da sociedade, fruto de uma construção culturalmente preconceituosa. Para deixar claro, essa não é a minha opinião, a de que o "você" era a pessoa mais indicada, mas é a constatação de que é como, atual e infelizmente, "a máquina" funciona, como "a máquina" gira, queira eu ou não.

Pensando que "o preconceito é uma opinião não submetida à razão" (Voltaire, filósofo francês), como fazer uma pessoa enxergar que EXISTE PRECONCEITO NO BRASIL, se essa pessoa está IRRACIONALMENTE, EMOCIONALMENTE, VISCERALMENTE (sim, estou sendo redundante) convencida de que não há? Restou-me dizer "hunrum, ok, beleza". Tem certas coisas e certos momentos que é melhor você permanecer são do que querer estar certo. Continuar nessa discussão só ia me desgastar e não ia mudar nada na cabeça do colega. Fazendo uma analogia, seria como continuar cavando no mesmo local depois de descobrir que o tesouro não estava mais ali. Não fazia mais sentido. Einstein dizia que "é mais fácil desintegrar um átomo que o preconceito". E, com o passar do tempo, isso vem piorando: eu mesmo lembro de ter estudado que o átomo (partícula indivisível) já se divide, enquanto que o preconceito só aumenta. Einstein já estava certo há tempos!

Até onde o preconceito pode ir?
Até onde pode chegar a ideologia de que uma raça é superior?
Assistam ao vídeo e observarão as respostas para essas perguntas.

Forte abraço.

Rafael Urquisa

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