24/03/2016

Como é não acreditar em Deus, Tici?

Em 24 de março de 2016 01:18, Rafael Urquisa <rafaelurquisa@gmail.com> escreveu:

Tici, deixa eu te fazer uma pergunta bem infantil. É uma curiosidade boba, mas que não conheço nenhuma outra pessoa que eu tenha a liberdade para discutir isso. Como é não acreditar em Deus? Sabe, muitas vezes eu atribuo muitas coisas ao acaso, à sorte, à aleatoriedade, mas algumas eu atribuo a alguma coisa superior (que pode ser Alá, Jesus, Buda, Deus, o-caralho-a-quatro, o nome não importa), a alguma coisa que a gente não pode explicar, e que o simples acaso seria muito perfeito para ser apenas acaso.

A discussão não é baseada em religião, entende? Até porque religião pra mim é estilo de vida. A minha religião é "Rafael Urquisa buscando se melhorar como ser humano", independente de qualquer coisa. A discussão é em cima de acreditar no que é metafísico, no que é abstrato, no que o artigo científico não comprova, entende?

Como é não acreditar? Muitas vezes ao estar em um lugar foda, com uma natureza foda, eu atribuo a existência de um Deus como sendo a natureza. Deus é a natureza. A natureza é milimetricamente perfeita. Mas, inevitavelmente, ainda que sem religião, eu atribuo a algo. Mas eu queria entender como é contigo, como é na tua cabeça?

E, entenda-me, eu só queria entender como um curioso, pelo fato de não poder/conseguir entender isso por mim mesmo, e não com o propósito de julgar ou desmerecer sua forma de pensar e ver o mundo. Muito pelo contrário, até. Se pergunto, é porque tenho respeito e interesse em conhecer sobre.

Valeu, Tici.
Beijo grande e boa noite!

Rafael Urquisa, via dispositivo móvel.

Seja burro, mas não entregue seu certificado de burrice!

 

PARANDO PRA PENSAR sobre a burrice inteligente

Falaremos sobre a burrice inteligente. Claro, por que não? Tenho certeza que vou ser mal compreendido e julgado pelas ideias, mas faz parte. A discordância também nos torna melhor, faz abrir a cabeça e pensar de outro modo, além do qual o nosso software mental está configurado.

Pois bem, certa manhã estava eu em uma entrevista de emprego fazendo a primeira etapa da seleção dos interessados à vaga. Essa primeira etapa consistia em uma prova de conhecimentos específicos para a área de emergência, uma redação e um questionário com umas viagens de Psicologia lá, talvez para entender/avaliar meus comportamentos, perfil, etc. A mulher do RH me entregou a papelada com uma caneta azul, sentei e comecei. Havia uma mulher sentada na minha diagonal à direita que eu nunca vi na vida e um homem duas cadeiras à frente dessa mulher. Enquanto eu, concentrado, fazia a minha prova, ouvia (infelizmente) a mulher se queixando que a prova tava difícil, que não tinha estudado, tentando puxar conversa com o cara da frente e também tentando obter algum lucro desse diálogo, como possíveis respostas para SUA prova. Fechei os ouvidos com os indicadores, apoiando os cotovelos na bancada, para seguir concentrado fazendo a MINHA prova. Pela visão periférica notava a garota inquieta e, por vezes, fazendo alguns movimentos estilo O Exorcista para ver se conseguia entender alguma coisa em azul da minha prova, o que pra mim não fazia diferença. Não sabia o cargo, não sabia nada dela, mas com aquela postura, ainda que copiasse a prova inteira e obtivéssemos nota igual, não era ameaça. E, pra falar a verdade, sempre pensei que a ameaça somos nós mesmos. Se eu sei que estudei, que estou preparado, não importa mais ninguém. Não importa a concorrência. A "luta" sou eu versus eu e o resto versus o resto.

Depois de algum tempo de sofrência, escuto: "tu num sabe essa daqui, não?". Por mais que eu entendesse o desespero, até porque todos nós já passamos por isso, seja na escola, em um vestibular, em um concurso, etc., não podia fazer nada. Eu simplesmente disse que: "Não, sei não.", com uma expressão facial e gesto de "sinto muito / boa sorte / não posso ajudar aqui e agora / e preciso fazer a minha também". Passado mais um tempo, quando umas das mulheres do RH passa próximo da sala, essa candidata se levanta e entrega o seu certificado de burrice ao RH: "Olha, a prova tá difícil. Não estou conseguindo fazer. É que eu não estudei, sabe? A gente pode marcar outro dia?". Nesse momento eu precisei parar a minha prova e direcionar outros órgãos do sentido para o que estava acontecendo, para saber se não era apenas uma alucinação auditiva. A recrutadora (não sei se podemos chamar assim; to tentando evitar usar o termo "a mulher do RH") disse que tudo bem, aceitando a devolução das provas de forma simpática e compreensiva.

Destaquemos uma coisa: a ideia dessa reflexão não é dar ênfase de que não se pode desconhecer as coisas, de que não se pode ser ignorante em um determinado assunto, de que não se pode ser burro nunca, de que você tem que sempre saber das coisas. Não é isso! Jamais! Isso seria extrema presunção e arrogância. No entanto, mesmo diante de uma situação em que você seja o mais burro é preciso agir inteligentemente (não estou comparando a ninguém, refiro-me ao mais burro de você, ao mais burro que você pode ser, até porque isso é extremamente relativo; eu sou burro pra caralho em história, por exemplo, mas não sou em biologia).

E não estou falando que ser inteligente é você OMITIR, ESCONDER, MENTIR que não sabe de algo. Isso é arrogância, falta de humildade. Inteligência nesse ponto seria você reconhecer suas limitações e perceber o QUANTO ISSO PODE COMPROMETER o trajeto até o seu objetivo (no caso, alcançar a vaga pretendida) e correr atrás do prejuízo. A mulher poderia ter feito qualquer coisa, como TENTAR responder o que viesse na cabeça, deixar em branco alguma questão, qualquer coisa, menos ter entregue o Certificado de Burrice. Não é possível que ela não soubesse de absolutamente nada. Eu estou brincando com esse termo, mas isso não quer dizer que a mulher seja realmente burra. Entendam-me. Ela poderia estar com alguns problemas pessoais, sei lá. "N" fatores podem ter levado à "burrice". No entanto, para a empresa, para o RH, ao se comparar com todos os outros candidatos, essa mulher entregou o seu Certificado de Eliminação Automática de Burrice. Esse certificado garante 100% de chance de eliminação em qualquer seleção que se faça na vida (e se existir vida após a morte, também!!!). Garanto! Podem fazer o teste.

Não sou consultor, nem recrutador, mas com um mínimo de raciocínio não é difícil concluir que ninguém quer trabalhar com um profissional que: 1) não está preparado para resolver problemas dentro de sua área/especialidade; 2) desiste de continuar no processo porque se vê incapaz ou, pior do que isso, além de se vê, mostra-se incapaz. Isso quer dizer que é um profissional descartável no mercado? Não, absolutamente não. Pode ser que o investimento nessa pessoa a torne a melhor do Estado. Mas é inegável que é um critério importante de escolha. Pode ser que o investimento seja eficaz, mas pode ser que a pessoa realmente seja uma "porta". Então, é um critério, queiramos ou não.

Eu tenho certeza que qualquer pessoa pode, a partir desse acontecimento, dar a "volta por cima" e em outra oportunidade fazer uma prova excelente. Mas estou me referindo àquele instante, àquela empresa, àquela prova, àquela recrutadora, àquela ATITUDE. Talvez as coisas corram melhor em uma outra circunstância, mas essa oportunidade já era, o filme já foi queimado, a bala já foi gasta, e a primeira impressão ficou/marcou. Mas isso é muito radicalismo, Rafael. Sim, é. Mas não é a verdade? Antes de ser radicalismo ou não, é a verdade. Infelizmente.

Isso pode acontecer com qualquer um de nós, e tudo que acontece serve para a gente reconhecer as limitações e crescer. Isso faz parte da humildade. No entanto, não se expor dessa forma, nessa determinada circunstância não cabe como arrogância, mas proteção; pois, você pode terminar passando uma ideia de que não necessariamente é a sua essência. E em um momento como esse não seria legal deixar essa "primeira impressão".

"A gente pode marcar outro dia?". A recrutadora não respondeu nada; apenas compreendeu o momento. Mas eu imagino (99% de probabilidade) que a resposta na cabeça dela foi "Não, não pode. Sinto muito". Lembra do outro texto de oportunidades? Uma oportunidade foi gasta, foi perdida. Mas o efeito dessa perda poderia ter sido amenizado. Não é porque você sujou a mão de merda que agora você vai colocar na boca, entende? Sejamos inteligentes até mesmo na burrice!

Abraço!

Rafael Urquisa

22/03/2016

Se você fosse taxista, o que pensaria da Uber?

PARANDO PRA PENSAR sobre a intolerância tecnológica

Hoje no Jornal do Commercio saiu uma matéria sobre a discussão de taxista e motorista da Uber, apenas para reafirmar a intolerância a qual vivemos nos tempos hodiernos. Se o cara é índio e dorme na rua, a gente toca fogo. Se o cara é negro, a gente espanca. Se eu desejei e não me quis, a gente estupra e mata. Se bateu atrás do nosso carro, a gente desce com a arma já carregada e atira antes de ouvir as desculpas. Se olhou pro(a) nosso(a) companheiro(a), a gente espanca também. Se a velhinha tá na frente atrapalhando a passagem, a gente empurra e passa pra não se atrasar. Não tem problema nenhum. É normal... Opa! É normal...Olha aí! Incomode-se com a normalidade!

A intolerância hoje em dia não está presente apenas nas relações interpessoais, mas também na aceitação de novas formas de pensar e de fazer algo. É o que acontece com a Uber, uma inovadora forma de pensar e fazer o transporte de pessoas. A Uber iniciou suas atividades aqui em Recife no início desse mês e já se consegue baixar o aplicativo pelo AppStore e GooglePlay. As corridas ficam em torno de 30% mais baratas que as de taxi, por isso a revolta dos taxistas.

É de se entender o desespero de um(a) taxista, pai/mãe de família, com suas necessidades humanas básicas a enfrentar. No entanto, nada justifica o comportamento violento/intolerante diante de uma inovação. É preciso ter em mente que isso é inevitável. Muito em breve os carros não terão motoristas, a gente vai colocar o endereço no celular e vai chegar um carro conduzido por GPS acoplado ao volante e vai nos levar para onde quisermos, e com mais segurança, uma vez que ele respeitará as leis do trânsito roboticamente, do contrário, pelo fato de estar ligado 24h online com o DENATRAN, receberá a multa também online. Esse é o futuro.

E aí, nesse tempo, os motoristas da Uber quebrarão esses carros? E vai ser sempre assim? Então a gente não pode inovar? Não há permissão ético-moral para inovação? Os taxistas solicitam que o Estado tome uma providência. Então o Estado passará a suprimir o avanço tecnológico? Mas que porra é essa?! 

Precisamos pensar que as coisas vão surgindo para o bem geral da população. É unir o útil ao agradável: o motorista da Uber lucra satisfatoriamente e nós, consumidores, pagamos por um serviço melhor e ao mesmo tempo mais barato. Isso tá errado? O que os taxistas precisam fazer é, de fato, cobrar alguma regulamentação por parte do Estado, para que realmente não vire zona. Isso é importante até para a segurança desses consumidores. No entanto, pedir para vetar uma coisa boa para todos aí é muita "semnoçãonidade". E, além de cobrar, procurar meios de se diferenciar. A pergunta deveria ser "como poderemos ser diferentes e/ou melhores?" e não "como poderemos acabar com eles?". A primeira pergunta é mais saudável e gera SEMPRE MAIS EVOLUÇÃO. Essa é a ideia.

A tecnologia vem para ajudar. Imaginem uma empresa que descobre como transformar a água do esgoto como adequada para o consumo humano. Sendo assim, todas as empresas de águas minerais vão processá-la porque isso é desleal com as empresas de venda e produção de água mineral? Peraí, né. Desse jeito é caminhar pra trás. Se for assim, daqui a pouco a gente tá acendendo o fogão batendo uma pedra na outra.

Alguém já testou os serviços da Uber? Tô curioso. Mas que tenhamos cuidado ao utilizar!
E, ao mesmo tempo, tenhamos a paciência para entender a desaprovação de um taxista.

Abraço!

Rafael Urquisa

20/03/2016

Você anda criando oportunidades?

 

PARANDO PRA PENSAR sobre oportunidades

Certa manhã a campanhia tocou. Fui atender e à frente do portão estava um senhor de boné, bermuda jeans, calçado de galocha (com meias) ao lado de uma carroça feita com uma geladeira velha a qual a porta foi arrancada, com um eixo passando por baixo e um par de rodas de carro com pneus carecas, presa a um cavalo manso, magrinho e cor de burro quando foge. Ele olhou pra mim e, em seguida, pro jardim em frente de casa, meio que me "obrigando" a concordar com ele que a grama estava gigante, que o jardim estava horroroso, mal cuidado e sugeriu: "- Quer que ajeite? Eu ajeito... Vai ficar, oh, lindo!". Eu lhe respondi: "- Não, não precisa. Obrigado!". Ele aceitou a negativa, seguiu e eu fechei o portão.

Comentei sobre o que aconteceu com minha mãe, já pensando que talvez fosse uma boa ideia. E rapidamente concordamos que, de fato, o jardim estava  parecendo a floresta amazônica e que precisava de um cuidado. Volto para frente de casa e avisto o senhor já um pouco distante e vou atrás dele. Pergunto por quanto ele faria o trabalho e ele me responde, entusiasmado com a OPORTUNIDADE. E eu: "- Beleza. Então, vamos lá. Quero ver se vai ficar bonito mesmo, hein?!", pergunto meio que cobrando carinho pelo trabalho.

E ai, parando pra pensar, surgiu a sacada: a oportunidade é você quem cria, é você quem toca na campanhia e chama a oportunidade. PRA TUDO, não apenas no contexto profissional. Se aquele senhor ou qualquer outra pessoa não tivesse tocado a campanhia e tivesse "vendido o seu peixe", fazendo acreditar que seria uma boa ideia ter alguém que cuidasse do jardim naquele momento, além de mim e dos meus pais, ou em épocas que não tivéssemos tanto tempo ou disposição para tal, jamais a oportunidade haveria se concretizado.

Pois bem, o rapaz podou tudo, colocou fertilizante, foi extremamente simpático e educado. E, diante disso, pensamos que também seria bom ajeitarmos uma parte das plantas que ficam do lado de dentro de casa. Uma OPORTUNIDADE gerando outra OPORTUNIDADE.

MORAL DA HISTÓRIA: as oportunidades que você cria te dão a possibilidade para que apareçam outras oportunidades, a depender do QUE e COMO você fez com a primeira oportunidade que te foi oferecida.

E como você faz é todo o segredo. Ele poderia ter feito de qualquer jeito. Mas tenho certeza que ele fez o melhor. É o que o Mário Sérgio Cortella diz no seu livro "Qual é a tua obra?" em relação ao "melhor" e ao "possível". Tipo: você leva seu carro com problema na oficina e o mecânico pode te dar duas respostas: "vou fazer o possível, ok?" ou "vou fazer o meu melhor, ok?". Qual dos dois você prefere? Se fosse pra fazer o possível, eu mesmo faria. Se deleguei para alguém que se propõe a fazer isso é porque eu espero, no mínimo, que se faça o melhor.

E esse melhor não quer dizer que o cara tem que ser o melhor de todos os tempos ou melhor que qualquer outra pessoa. Refiro-me AO MELHOR DELE, O MELHOR QUE ELE PODE SER dentro de um determinado contexto, com os recursos disponíveis. É isso que to falando: fazer o seu melhor com o que há disponível, dentro das possibilidades do aqui e do agora.

E assim, ao final de tudo, pagamos SATISFEITOS, retribuímos a educação e o respeito, elogiamos o serviço (valorização! reforçar positivamente! isso é importante! isso motiva!), pegamos o contato do cara e já deixamos meio que "virtualmente pactuado" uma próxima oportunidade.

E aí, anda criando oportunidades, anda "tocando nas campanhias", anda fazendo o seu melhor? Se não, é bom parar pra pensar...

Forte abraço!

Rafael Urquisa

19/03/2016

Você já concluiu seus estudos?

 

PARANDO PRA PENSAR sobre a conclusão dos estudos

E aí, você já terminou seus estudos? Terminou o ensino médio? Terminou o curso técnico? Terminou a faculdade? E aquela pós-graduação? Massa! Depois disso, então, é só trabalhar; só colocar em prática o que aprendeu, né? Errado!

Assisti há pouco o filme "o aluno", disponível no Netflix, que conta a história (real) de um queniano que começa a estudar aos 84 anos. Bem no começo do filme algum personagem fala a frase: "a educação é a chave e nós somos o cadeado". Ou seja, sem a chave o cadeado vai permanecer fechado, a porta vai permanecer fechada. Não há desenvolvimento. Não há liberdade!

E, já no final do filme, a professora fala: "você não termina de aprender enquanto não tiver terra em seus ouvidos". Isso quer dizer que o aprendizado não acaba. Não se tem idade para terminar de estudar. A conclusão dos nossos estudos é a maior bobagem que se colocou na cabeça das pessoas. Toda hora é hora!

Paulinho Moska diz em uma de suas músicas de título "Muito Pouco": "todo dia é dia de aprender um pouco do muito do que a vida traz". É exatamente essa a ideia. Diante de tanta coisa, todo dia é dia de aprender alguma coisa. Aí muitos pensam: "Poxa, mas já estou com 70 anos. Se eu começar uma faculdade agora só vou terminar com 74 anos". Cara, veja só, independente de qualquer coisa, o tempo só corre pra frente. Sendo assim, em 4 anos você estaria com 74 com ou sem a faculdade. O tempo vai passar do mesmo jeito.


Outro ponto crucial do filme é o de que muitas vezes subestimamos as pessoas pelo que elas usam (ou deixam de usar), pelo que elas parecem ser (ou deixam de ser), pela idade delas ("- Velhos? Ah, velhos não servem para nada!"), por não estarem dentro dos "padrões normais" da sociedade, fechando-nos a não dar oportunidade para absorver qualquer coisa que venha daquela outra pessoa que julgamos "inferior", quando, na verdade, podemos aprender muito mais com essas do que com aqueles que só vestem terno e gravata com pós-doutorado em Harvard mas só olham pro seu umbigo.

Então, se você acha que está velho demais para estudar ou que já concluiu os seus estudos, é bom parar pra pensar...

Forte abraço!

Rafael Urquisa


18/03/2016

Por quê? Porque é normal.

Olá! Bom dia!
Por que as pessoas fazem de um modo e não do outro?
Já pensou que muitas vezes fazemos as coisas simplesmente porque é socialmente normal?
Não é sempre, mas talvez isso possa ser um problema.

PARANDO PRA PENSAR sobre a deletéria normalidade

Incomode-se com o "é porque é normal", "é porque aqui é assim", "é porque é a rotina do serviço". Isso não é justificativa para nada!

Se você observar na história, ninguém nunca se destacou fazendo o normal, o de sempre, a rotina. Não estou falando que precisamos revolucionar o mundo e mudar tudo. Não é isso. Mas, simplesmente, na possibilidade de uma nova estratégia ou de um novo olhar, jamais aceite o argumento de uma outra pessoa falando para você continuar do jeito que está pelo fato de que "isso já é a rotina do serviço".

Permita experimentar. Se der merda a gente volta para o que tínhamos antes, para a "segurança" de antes. Para saber se realmente a realidade atual é a melhor, precisamos de uma comparação com outra. Mas para haver outra realidade é preciso inovar a atual. E não se faz isso com a mentalidade fixa de que "assim é normal", "já é rotina", "tá bom assim", "já estamos acostumados".

Eu ficava muito irritado (mentira, eu ficava puto mesmo) quando estava em estágio nos hospitais e perguntava alguma coisa para a professora: - "Por que eles fazem assim aqui?" / "Por que eles fazem desse modo?" / "Por que isso é assim e não como a gente viu na aula/no livro?". E obtinha a resposta que eu não desejo a nenhum estudante/aprendiz/formando: - "Porque é rotina". Puta que pariu. Isso não existe! O mínimo de zelo que um EDUCADOR poderia ter era não tolher o espírito crítico do seu EDUCANDO.

"Porque é rotina" não é resposta, acima de tudo quando se trata de uma formação universitária. Já imaginou você estudando Administração de Medicamentos, por exemplo, e tem lá escrito na melhor literatura do ramo: "volumes maiores que 3 ml devem ser aplicados no glúteo, pois sempre foi assim e nunca houve relatos de problemas". Caralho! Como assim? Isso é ciência? ​​Ok, pesquisadores afirmarão que o científico parte da hipótese. Concordo. Mas, calma... Se estivéssemos no século II A.C. essa afirmação do livro seria razoável, aplicável. Mas o​ tempo é outro. E, definitivamente, existem​ fundamentos melhores!

E o pior de tudo é um professor reforçar isso: a política do "é porque é rotina". Aí a pessoa pensa: "Porra, essa galera estudou pra aplicar a rotina? Caramba, mas que bosta de formação é que estamos tendo?!". O professor tem que ter em mente de que sua função, além de simplesmente passar o conteúdo, é de mediar o conhecimento, de transformar a vida do ser que aprende. E, como disse a Bel Pesce, "o segredo da transformação está em como você faz a pessoa se sentir". Professores precisam fazer os seus alunos se sentirem FODA, para que a transformação seja nessa direção, de ser FODA. Se você faz um aluno se sentir um idiota, aí vai dar merda.

E você, o que pensa sobre isso?

Forte abraço!

Rafael Urquisa

13/03/2016

Insights durante o filme Walt antes do Mickey


1. Todas as adversidades, todos os problemas, todos os obstáculos só tornam a gente mais forte, mais maduros.
2. Se você não acredita em você mesmo, ninguém mais vai acreditar.
3. Você nunca consegue nada sozinho.
3.1. Você nunca consegue nada sozinho mesmo!
3.2. É importante que pessoas incorruptíveis (ou com um mínimo de decência) estejam ao seu lado e do seu lado.
3.2.1. Destaco AO SEU LADO e DO SEU LADO pelo fato de que muitas vezes temos pessoas AO NOSSO LADO (AO LADO DE), mas que, na verdade, estão DO LADO DO ADVERSÁRIO. Cuidado ao utilizar esses termos. Mais cuidado ainda com essas pessoas!
4. Amor pela causa é muito mais importante que dinheiro na causa!
4.1. O dinheiro é importante, ou melhor, necessário. Mas ele é consequência. Se for o único objetivo, a meta, o propósito, tem alguma coisa errada.
5. "Você é a média das 5 pessoas que você mais convive". Ou seja, em busca de um objetivo procure estar com quem também abrace a causa para encontrar o mesmo objetivo. Isso mantém o foco e estimula a sempre convergir todo o resto para o objetivo.

Recomendo o filme. Muito bom.

Forte abraço!

Rafael Urquisa

12/03/2016

Documentário massa no Netflix sobre os mineradores no Chile

Hola, chicos y chicas!

Eu compartilharia esse documentário no Facebook. No entanto, como estou sem ele, compartilho com vocês. Algumas pessoas compartilho pela afinidade que teriam com o determinado tema que estou tratando, outras pelo fato de que gostariam das reflexões, outras pela proximidade/semelhança de pensamentos. Mas, caso não goste ou não queira mais receber, é só avisar. Sem problemas!

- Ah, Rafael, e por que essa necessidade de compartilhar? Respondo: por que não compartilhar? O que eu acho massa/foda/interessante/do caralho!, eu compartilho. Outras pessoas também podem achar massa/foda/interessante/do caralho!, mas simplesmente não tiveram a oportunidade que eu tive de TER A OPORTUNIDADE de ver/ler/ouvir/pensar determinada coisa. Informações massa/foda/interessante/do caralho! precisam ser compartilhadas. "Alegria compartilhada é alegria redobrada!"

Outro motivo pelo qual compartilho (esse é pessoal, "egoísta", "individualista"...) é pelo fato de que quando eu escrevo ou falo sobre um determinado assunto isso se torna mais concreto nas minhas ideias. E também é uma oportunidade de, escrevendo, organizar e amadurecer o que aprendi em relação a qualquer coisa. É aquele clichê: quando você escuta ou vê, você aprende; mas quando você ensina ou conta aquilo que viu, o aprendizado se torna mais forte, mais maduro, mais concreto!

Bem, deixemos de conversa fiada. Olha só, o Netflix tem um documentário muito massa (ou foda/interessante/do caralho!) sobre aquele caso dos mineradores no Chile, cujo título é "Enterrado vivos: mineiros no Chile". Existe também o filme "Os 33". Tem tudo lá no Netflix. Recomendo ambos! O filme é mais bem trabalhado, com um drama muito mais envolvente. Mas o documentário, sem dúvidas, e como já esperado, é mais crítico, mais realista, mais interessante.

A mineração no Chile é o "motor-econômico" do país, com destaque para o cobre, responsável por uma boa parcela no PIB e nas exportações. Por isso que é até bem comum ver nas ruas lembrancinhas turísticas de cobre, como abridores de garrafa, ímã de geladeira, chaveiros, acendedor de cigarro, essa coisas.

E aí, correlacionando a mineração com a história política do Chile, exatamente pelo fato de a mineração ser o carro-chefe da economia do Chile é que o presidente Salvador Allende se lascou e o golpe militar de Pinochet (junto com os EUA) assumiu. Allende nacionalizou as mineradoras no Chile em seu governo, para que as riquezas produzidas por ela (produzidas dentro do Chile), fossem distribuídas no Chile para o Chile. Antes de Allende muitas mineradoras eram geridas/manipuladas por empresas norte-americanas, e o fato de ele dizer "dá licença que isso aqui é nosso" para os EUA, magoou os colegas americanos, que vivem o lema "américa para os americanos" (​leia-se:​ ​americanos = norte-americanos), ou seja,​ ​​a ideia era:​ ​"a gente fode todo mundo e se dá bem; tudo tranquilo e favorável". O que Allende quis dizer foi: "América para os americanos uma porra. Isso aqui é nosso. O dinheiro que for gerado através daqui tem que ser utilizado aqui, e não levado para outro país enquanto a gente aqui se lasca". E aí, como os EUA não sabe​​ brincar, lascaram o Chile, fecha​ndo​​ ​as relações econômicas, políticas, comerciais e arquitetaram o golpe de Estado. Só para entender melhor: apesar de não querer os EUA assumindo controle das mineradoras, muitas das tecnologias de ponta utilizadas na mineração eram norte-americanas. E os EUA começou a negar a oferta dessas tecnologias envolvidas no minério para o Chile, fazendo com que a mineração ficasse impossibilitada de prosseguir. Resumindo, EUA lascou a economia do Chile, uma vez que a mineração representa importante contribuição no PIB do país. Existem outros pontos também nesse contexto do governo de Allende, mas não cabe aqui. Vamos nos limitar a falar ao que tange​ ​​à​ mineração.​​

Retomando, a mineradora onde os chilenos ficaram presos fica no Atacama. Pesquisem sobre o Atacama, talvez lá seja o lugar mais bonito do mundo. Aliás, talvez lá seja o lugar mais bonito de qualquer outro mundo que exista.

No entanto, apesar de um lindo lugar, a mineradora não era tão linda assim. Existiam muitas irregularidades, que inclusive são relatadas no documentário e no filme, como por exemplo, uma saída de emergência SEM SAÍDA. Não existia. Como pode? Era uma saída que na metade do caminho não dava em nada, não foi concluída. Por que não foi? Por que seria mais gastos para a empresa. Então era melhor "deixar pra lá". Acho que pensaram assim. Ou então, os donos: "foda-se! se essa porra cair (desabar) eu não vou estar lá mesmo... então, problema de quem estiver lá. A probabilidade de morrer de imediato é mais alta do que ficar vivo e procurar la ruta de evacuación".

A mineração é realmente um trabalho perigoso e esse não foi o primeiro acidente, principalmente quando se trata de mineradoras pequenas, mais susceptíveis aos "arrumadinhos", negligenciando as questões de segurança do trabalho. E por que negligenciam? Por que isso gasta dinheiro! Gasta tempo! E tempo e dinheiro são duas coisas que, definitivamente, o dono da mina não quer perder, mesmo que para isso algumas vidas precisem ser perdidas. Mas, de forma bem opressora e para calar a boca dos funcionários, essa mina pagava salários mais altos ao trabalhadores, JUSTAMENTE para que o dinheiro falasse mais alto do que o perigo de se trabalhar nela. E, para quem precisava, tinha filho para alimentar e todas as outras necessidades humanas básicas, sujeitava-se ao risco em troca de uma garantia de trabalho ou de melhoria de salário. Olha quanta coisa dá pra'gente discutir/refletir em cima de uma "besteira".

Outro ponto interessante é a participação do Gobierno de Chile na busca e salvamento dos mineiros soterrados. Muito dinheiro e tecnologia foi investido nisso. A gente vê no documentário e no filme que o governo foi bem incisivo no resgate dos 33 mineiros. Mas aí vem a pergunta: o ministério de minas não deveria fiscalizar essas mineradoras que trabalham de forma errada? Isso seria investir em prevenção. Esse é o primeiro ponto! Será que o governo atuou tão fortemente nesse resgate pelo "peso na consciência", pelo fato de ter ocorrido por negligência sua e, por isso, estar com "o seu na reta"? Ou será que foi pela pressão social que os familiares fizeram na mídia? Não sei. Apesar de tudo isso, o Chile é um país bem nacionalista. Então, pode ser que o governo/presidente/ministério de minas realmente tenha abraçado a causa e tornado aquilo como prioridade. Mas, sei lá.

Pois bem, o documentário é massa e bem curtinho (47 minutos). Recomendo!
Reflitam e compartilhem comigo também as coisas que vocês observarem.

Forte abraço!

Rafael Urquisa.