25/01/2022

Notícias de uma guerra particular (documentário)

 

Link para o documentário: https://www.youtube.com/watch?v=lg0F8Wpi2HM

O documentário retrata o cotidiano de favelas do Rio de Janeiro-RJ, sob três perspectivas: a do policial, a do traficante e a dos moradores locais. Traz depoimentos de pessoas ligadas ao tráfico, de moradores que lidam com essa realidade hostil diariamente e também relatos de policiais que atuam no Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) no Rio de Janeiro. O documentário mostra a realidade desses três públicos, todos como protagonistas desta guerra civil ou “guerra particular”.

A obra inicia trazendo uma relação direta entre o número de homicídios e a expansão do tráfico de drogas no Rio de Janeiro, afirmando que essa expansão, a partir da metade da década de 80, mostrou-se diretamente responsável pelo crescimento do número de homicídios, na qual uma pessoa morre a cada meia hora no RJ, sendo 90% delas atingidas por munições de grosso calibre. Além disso, a Polícia Federal estima atualmente que o comércio de drogas empregue cerca de 100 mil pessoas no Rio de Janeiro, o que equivale ao número de funcionários da prefeitura da cidade. Ressalta-se que nem todas essas pessoas moram em favelas, no entanto, concentram-se em maior número nesses morros cariocas.

Do ponto de vista do profissional policial, afirma-se que se vive constantemente em uma guerra. Também é mostrado que a repressão social é a forma que a polícia tem de manter a ordem e o controle nas favelas. Só a repressão vai manter o controle de uma população que sobrevive em algumas condições as quais não têm muitas das suas necessidades básicas supridas. A corrupção também é um ponto tocado no vídeo, na qual armas são vendidas pela própria polícia militar para os traficantes, sendo, inclusive, algumas de uso restrito das forças armadas. Isso, aliado aos problemas sociais, apenas fomenta a manutenção dessa guerra particular.

Do ponto de vista do traficante, é mostrado que muitos seguem esse caminho pelo status e pelo poder; pelo poder de enfrentamento à polícia, pelo status que se tem diante da comunidade, pela posição social diante do sexo oposto, pelo poder de portar uma arma. O crime organizado e a vida no tráfico é uma ilusão para os jovens. Eles veem os trabalhos formais como algo de menor valor ou algo humilhante. Além disso, o jovem vê a rápida ascensão financeira dos colegas, o que ele dificilmente conseguiria seguindo normalmente os estudos e tendo um emprego formal. Há relatos por parte de um entrevistado em que ele alega que até poderia estar em um “trabalho humilde”, mas que não teria as condições ideais de vida, condições essas que consegue através do tráfico: boa alimentação, necessidades básicas garantidas, boas roupas, tênis “de marca”, muitas amizades, mulheres, dinheiro, festas, etc.

Do ponto de vista dos moradores, percebe-se que há uma preocupação dos traficantes em “cuidar” da comunidade, de garantir alguns serviços básicos que o Estado não é capaz de fornecer nas favelas: gás, medicamentos, alimentos, reformas nas moradias, materiais de higiene, etc. Então, nota-se que também há um benefício mútuo entre moradores e traficantes. E talvez essa seja uma forma de conquistar/persuadir a comunidade a acreditar que o tráfico de drogas, de algum modo, é benéfico para as favelas, ainda que a rotina dessas famílias seja marcada pelo “fogo cruzado” entre policiais e traficantes e pelo risco iminente à vida; pois, é esse mesmo tráfico que, por vezes, supre as necessidades que são negligenciadas pelo Estado, como a saúde, a segurança, a moradia, etc.

É inegável que a desigualdade social também contribua para essa situação. É muito mais fácil para um jovem decidir ganhar R$300 por semana no tráfico de drogas do que R$100 em um emprego formal. É muito tentador porque ele vê nessa situação as chances de ter “tudo” que nunca teve e ainda ajudar a família, além do status e poder que terá dentro da comunidade.

Por fim, o documentário deixa transparecer, acima de tudo pela perspectiva policial, que essa disputa será eterna. Diante da corrupção, da desigualdade social, das necessidades da comunidade que não são supridas pelo Estado e são supridas pelo crime organizado, não parece que essa guerra particular terá fim. Vale destacar que enquanto o único segmento do Estado que entrar nas favelas forem as polícias, nada vai ser resolvido. O Estado precisa subir no morro de outras formas, levando cultura, educação, saúde, entretenimento, segurança, desenvolvimento, lazer, etc.

Arrume sua cama: pequenas atitudes que podem mudar a sua vida... e talvez o mundo (Livro de William H. McRaven)

 

O livro traz dez lições de um almirante das forças especiais da Marinha dos Estados Unidos que reforçam que pequenas coisas podem mudar a forma como você enxerga os desafios impostos pela vida. Fazendo um paralelo com o livro, podemos correlacionar muitas dessas lições com o período de formação no Curso de Formação de Oficiais (CFO) na Academia de Polícia Militar do Paudalho (APMP).

O ato de arrumar a cama diariamente (e de forma impecável) é uma das lições que são trazidos no livro. Faz parte da rotina do CFO a arrumação da cama, algo que, anteriormente à leitura do livro, parecia ser algo sem sentido. No entanto, é importante perceber que esse ato é apenas uma metodologia para mostrar aos alunos que se deve começar o dia cumprindo uma tarefa e, além disso, cumpri-la com zelo e maestria, assim como devem ser feitas todas as tarefas ao longo do dia, com excelência. E, ao final do dia, ainda que todas as outras coisas deem errado, você terá a garantia e o orgulho de ter cumprido bem alguma tarefa.

Um ponto importante a se destacar é o quanto somos fortes juntos. Ninguém conseguiria concluir um curso de formação no nível padrão de exigência estando sozinho. Há uma ajuda mútua entre os alunos, de forma que um ajuda o outro nos momentos de dificuldades. E, dessa forma, todos conseguem concluir as missões propostas. A lição é que você nunca vai conseguir chegar longe estando sozinho. Você até consegue carregar um remo sozinho, mas para carregar o bote e realizar a travessia você precisa estar bem acompanhado. E o mesmo a gente pode levar para a vida: para chegar longe você precisa da ajuda da sua companheira, amigos, pais, família, etc. Além disso, muitas vezes a força de vontade supera algumas fragilidades. Por muitas vezes você não é o mais alto, o mais forte, o mais hábil, mas você pode ser o mais esforçado e o que sonha mais alto, e isso fará muito mais diferença no cumprimento de qualquer missão, seja no âmbito profissional, seja na sua vida pessoal.

Muitas vezes algumas coisas acontecem na formação militar que achamos injusto, que não vemos sentido naquilo. E o livro, em seu capítulo 4, fala muito bem sobre isso, afirmando que a vida não é justa e que você, ainda assim, precisa seguir em frente. A vida não tem obrigação nenhuma de ser justa com você. E, acredito que um dos valores que o CFO da APMP visa incutir nos alunos é exatamente esse, o valor de fazer o aluno “sentir na pele” algumas injustiças e saber lidar com isso, com maturidade física, mental e emocional diante dessas situações.

Por fim, o aluno precisa ter a percepção de que algumas coisas que acontecem, ainda que negativas, são potenciais oportunidades de crescimento. Ele precisa entender que tudo que acontece é para torná-lo mais forte. E, apesar das adversidades, o importante é não desistir, pois desistir não torna nada mais fácil. Por muitas vezes durante a semana zero, e por muitas vezes ao longo do curso, muitas pessoas pensaram e/ou pensarão em desistir, e isso é normal. No entanto, isso não elimina a dor e o sofrimento. Talvez apenas mude o foco: a dor física talvez mude para a dor emocional, para aqueles que sonham com a profissão e agora, ao desistir, não a terão mais e se arrependerão para o resto da vida.

Ao longo da leitura é possível fazer muitos paralelos com o curso de formação do CFO da APMP.  As dificuldades ao longo do curso não são insuperáveis, não são “sobre-humanas”. E precisamos entender que a vida também é cheia de fases difíceis e que em muitas delas não temos a opção de desistir. Por exemplo, em um acidente, em uma doença, em uma perda familiar, em uma demissão no emprego. Faz sentido desistir? Não! A vida segue e você deve se fortalecer com isso e seguir adiante para a próxima fase, sem autopiedade.

26/03/2017

Sobre o "modo-piloto-automático" do desrespeito

 

PARANDO PRA PENSAR sobre o "modo-piloto-automático" do desrespeito

Era uma vez um homem que estava dirigindo e parou em um semáforo. Nesse instante, uma mulher muito bonita aguardava para cruzar a faixa de pedestres. Com a confiança diretamente proporcional ao valor do bem móvel, o homem baixa seus óculos escuros para olhar melhor "o produto", dá duas buzinadas e, para completar o flerte, profere um elogio de forma bastante carinhosa: "- Delícia!". Na cabeça do rapaz, é claro que toda mulher gosta de ouvir e vivenciar essas coisas. Sendo assim, por que não fazê-lo? Receber buzinadas nas ruas, ser chamada de "delícia" ou "gostosa" é algo que valoriza as qualidades daquele "alvo", pensa o rapaz. Rapidamente, a garota olha para o homem e sorri, aceitando o flerte. Ela vai em direção ao carro e entra. Os dois se cumprimentam, em meio aos 10 segundos restantes de sinal vermelho, e seguem suas vidas. E, claro, foram felizes para sempre.

Era uma vez um motociclista que buzinava para todas as mulheres as quais ele encontrava no caminho. Talvez, pensasse ele, como uma forma de homenagem à beleza feminina. Mas não bastava apenas buzinar, era também importante conferir se a parte de trás era tão agradável quanto a parte da frente. Para isso, ao estilo " O Exorcista", o motociclista voltava sua atenção para o exame físico posterior daquele "objeto" mirado anteriormente. Na cabeça desse rapaz, ele também pensa que toda mulher gosta de ouvir e vivenciar essas coisas. Sendo assim, por que não fazê-lo? Receber buzinadas nas ruas, ser "secada" visualmente é algo que valoriza as qualidades daquele "alvo", pensa o rapaz. Confiante de que essa é uma estratégia autêntica, inteligente, saudável e respeitosa, ele sempre continuou fazendo. Assim, certo dia, encontrou o amor da sua vida, que subiu na garupa de sua motocicleta e seguiram a vida, sendo felizes para sempre. Mas, nesse dia, esse homem tinha apenas um capacete consigo. Como transportar mais uma pessoa, então? Esse, de fato, não era um problema. Afinal de contas, por que se preocupar em respeitar as leis do trânsito se não há respeito nem "às leis do próximo"? 

Essas duas histórias podem estar contidas na semana de todos nós. No entanto, retirando a parte do final, em que tudo dá certo, em que as pessoas ficam juntas e são felizes para sempre. Isso não é a realidade! Isso não acontece! Nenhuma mulher gosta disso. E não preciso ser mulher para perceber/sentir isso. Assim como não é preciso ser negro, homossexual ou estar na condição de migrante para perceber o racismo, o preconceito, a xenofobia. É incrível como eu me deparo com isso todos os dias no trânsito. E, quando isso acontece, além de sentir vergonha (muita "vergonha alheia") e nojo, eu fico me perguntando: "Qual o sentido de o cara fazer isso? Ele acredita mesmo que essa é uma forma bacana de atrair alguém? O que ele espera? De verdade, o que ele espera? Que a mulher ache lindo e fofo um cara escroto e desconhecido buzinando para sua bunda? Que ela olhe pro cara e solte beijinhos? É isso? Se for, tem algo errado!".

Mas eu acho que esse é o pensamento. Só pode. E, se assim for, há muita idiotice ou muita loucura, ou os dois juntos! Porque pelo mínimo de racionalidade que você tenha, não é difícil concluir que isso é um grande desrespeito. Acho que consegui ser bastante nojento nessas duas histórias. E essa era a intenção. Mas é, infelizmente, um nojo palpável, concreto, real, diário. E, tenho certeza absoluta que 100% das mulheres que lerem isso já passaram por essa situação ou algo muito próximo disso, seja no trânsito ou fora dele.

Mas, calma, eu não estou falando que ninguém pode mais se olhar. Claro que não. São duas coisas totalmente diferentes. É natural que um homem bonito chame a atenção de uma mulher e que uma mulher bonita chame a atenção de um homem. Aliás, é natural que uma pessoa possa chamar a atenção (generalizando toda classificação de gênero), seja pelo sorriso, pelo cabelo, pela simpatia e, claro, também pelo corpo e pela roupa que esteja usando. Mas, calma, eu falei em "corpo e roupa que esteja usando", mas apenas queria destacar que isso não é convite para estupro ou comentários indelicados. Retomando, é claro que uma mulher bonita me chama a atenção. Isso é inegável. Mas isso não quer dizer que eu precise tocar no corpo dela, que eu precise chamar de "gostosa", que eu precise ser infiel, que eu precise ficar "secando", buzinando, e, finalmente, DESRESPEITANDO E INVADINDO SEU ESPAÇO. São coisas totalmente diferentes. E, pra isso, não é preciso que se seja padre ou homossexual, como costumam argumentar. Assim como uma mulher também pode olhar e admirar um homem que passa em seu caminho, sem necessariamente invadir o seu espaço. Isso é natural e direito de qualquer um. No entanto, invadir o espaço do outro é ultrapassar o seu direito e entrar no direito do outro. ESSE É O REAL PROBLEMA.

"- Porra, todas as mulheres que passam aqui na frente esse cara tira onda! Esse bicho é macho mermo!". É assustador como as pessoas reproduzem esse comportamento e esse desrespeito, no piloto automático mesmo, de forma inconsequente, sem ter consciência de que isso ultrapassa os limites das relações humanas, julgando isso NORMAL e COMUM. Esse é o perigo. Será que a masculinidade ou a virilidade é medida através de quantos assédios você pratica por dia? É óbvio que a resposta é não, mas a ideia desse texto é trazer um desabafo e uma oportunidade para sempre pararmos pra pensar sobre isso.

Forte abraço!

Rafael Urquisa

05/02/2017

O que é mais importante: o esforço ou o talento?

 

PARANDO PRA PENSAR sobre o quanto o esforço sobrepõe o talento

Próxima semana estarei retornando à prática da natação, algo que parei há aproximadamente uns 6 meses atrás. A natação era algo que sempre imaginei que fosse morrer e jamais praticaria, acima de tudo pelo meu desconforto em ambientes aquáticos. Apesar de sobreviver tranquilamente na água enquanto os pés não tocavam o chão, nunca me senti confortável, seja porque durante a infância sempre me puseram medo, seja por sustos que tomei, seja porque nunca tive o controle da respiração dentro d'água, ou simplesmente porque nunca fui bem apresentado a esse contexto, nunca fui bem adaptado a ele, enfim, inúmeras variáveis.

Naquela época (há aproximadamente 6 meses) passei por um trabalho muito duro comigo mesmo, primeiro de adaptação à água, uma vez que essa atividade era algo novo pra mim, e segundo pela adaptação cardiorrespiratória e muscular que eu precisava adquirir o mais rápido possível, uma vez que estava treinando para um Teste de Aptidão Física (TAF) para aprovação em concurso público.

No primeiro dia da natação, eu tinha a certeza de que não apenas seria a aquisição de uma nova técnica, mas uma transformação. Primeiramente, de que eu estaria ultrapassando uma limitação minha, aprendendo algo novo, aumentando meu repertório e, mais do que isso, impondo ao meu próprio corpo novos limites, dizendo para ele: "Olha, agora você vai ter que ser capaz de fazer isso, isso e isso. Problema seu! Te vira!". E a partir daí eu fui trabalhando os fundamentos, juntamente com o professor e colegas da turma mais experientes. Eu ouvia atentamente as orientações do professor e observava os colegas nadando como uma caça observa sua presa, como se nada mais houvesse em sua visão periférica.

Engraçado como na prática da natação, ou de qualquer outro esporte, ou de qualquer outra coisa na vida, a gente pode ver um associação. O meu problema, a priori, era trabalhar a respiração dentro da água, de modo que você faça a submersão de forma confortável, sem entrar água no nariz, sem afobação, emergindo em seguida, inspirando e voltando à submersão. No começo, algo que parece extremamente simples, era bem difícil pra mim.

E como nadar na técnica correta sem nem ainda ter o controle da respiração? É possível? Claro que não. Mas nós, talvez por vaidade, às vezes trocamos a ordem do processo. Era mais importante chegar do outro lado da borda no menor tempo possível do que me preocupar com a frequência e técnica de respiração lateral somada aos movimentos de braçadas e pernadas. Tudo bem, eu chegava do outro lado da borda, mas morto, porque não respirei adequadamente, porque fiz esforço demais por não utilizar a técnica aprimorada, e assim continuei por alguns dias de treino.

Até que, depois de algumas aulas, eu refleti sobre o que era mais importante: a técnica e a resistência ou apenas a velocidade (o chegar do outro lado da borda)? E, pensei: "o que é que eu estou fazendo aqui? Tá tudo errado!" Engraçado que logo após esse pensamento, eu me deparo com a frase de Paulo Coelho: "Mude. Mas com calma, porque a meta é mais importante que a velocidade". Perfeito! É exatamente isso. E podemos levar isso para a vida. Uma criança não passa do colo para a corrida. Ela começa engatinhando, levanta se segurando nos móveis, depois dá passos curtos e cai, depois dá passos longos e cai, depois não precisa se segurar mais. E só depois de algum tempo é que ela corre. Essa é a ideia do PROCESSO, o qual eu estava sabotando.

Assimilado isso, comecei a mudar minha postura dentro da piscina e comecei a perceber melhora exponencial nos treinos. E, como compromisso de vida, não o de fazer perfeito, mas o de procurar masterizar tudo que é possível, eu continuava observando atentamente outras pessoas mais experientes nadando, e não tinha vergonha de perguntar coisas bobas ao colega de treino do lado. Às vezes as pessoas têm vergonha de mostrar que não sabem de algo, ficando com receio de perguntar. Dane-se. Se o cara que eu perguntei alguma coisa pensou que eu era um idiota por não saber nadar perfeitamente mesmo depois de "velho", o problema é dele. Esse pensamento dele não mudou em nada minha vida. O que mudaria seria o fato de eu não perguntar, porque dessa forma eu nunca cresceria. Além disso, observava vídeos e imagens da técnica na internet.

Mas, tendo consciência de que eu ainda precisava melhorar MUITO, pesquisei pela internet e encontrei um capítulo de livro muito interessante que falava da biomecânica da natação, envolvendo posturas corretas e incorretas que aumentam ou diminuem o atrito na água, além de correlacionar as leis de Newton com o desempenho do nado. Perfeito! E era exatamente isso que estava bloqueando o meu progresso, essas posturas inadequadas que comprometiam o meu deslocamento na água.

Nessa época eu tive um mês para treinar o nado. O objetivo era cumprir 50 metros em 1 minuto. No dia da prova, fiz essa distância em 58 segundos. Quase! Mas lembram de Paulo Coelho, de que a meta é mais importante que a velocidade? E é com esse pensamento que eu retorno aos treinos para uma nova prova física em junho. O importante não é apenas a velocidade na qual você cumpre o objetivo. A velocidade deve ser consequência do quanto você QUALIFICA o processo. Se você investe no processo (período que está entre o início e o fim), você obviamente ganha velocidade. E era nisso que eu precisava investir e estava sabotando no início dos treinos naquela época.

Esse é apenas um exemplo do quanto o esforço pode se sobrepor ao talento. É claro que uma pessoa que é TALENTOSA e que É ESFORÇADA estará entre os melhores. No entanto, uma pessoa que é APENAS TALENTOSA e não é esforçada, pode facilmente ficar pra trás quando comparada àquele que é ESFORÇADO mas não tem talento nenhum. Nunca serei um excelente nadador, e esse também não será meu objetivo. No entanto, a falta de talento pode ser compensada pelo esforço, pelo trabalho duro, pela resiliência, não só na natação mas em qualquer outro contexto da vida.

Abraço!

Rafael Urquisa

24/06/2016

Documentário "Hiroshima: BBC History of World War II"

 

Documentário "Hiroshima: BBC History of World War II"

A imagem acima é bem assustadora, mas está em um contexto assustador, então é compatível/cabível. Recomendo um documentário no Netflix, que acabei de assitir, sobre o episódio da bomba atômica em Hiroshima e a relação entre EUA e Japão. Destaco dois pontos que chamaram a atenção:

1) Depois te ter visto (há aproximadamente uns 6km) o clarão da bomba e sofrido com o deslocamento de ar, um médico pega sua bicicleta e vai ao centro de Hiroshima, com o intuito de ajudar naquela tragédia. Na metade do caminho, 3 km do centro, depara-se com "algo" andando na trilha a qual percorria, parecendo uma pessoa, um humano, mas todo negro, preto, da cabeça aos pés. Era um bloco preto com uma coisa em cima que parecia uma cabeça. Quando o médico chegou perto, o corpo caiu. Ao checar o pulso, percebeu que não havia pele, mal havia mão. Ao olhar o rosto, os olhos estavam totalmente edemaciados, não havia nariz e onde deveria haver uma boca tinha apenas uma abertura. A pessoa havia morrido após caminhar 3 km à procura de alguma coisa que não fosse escombro, corpos, fogo e fumaça.

2) Após o ataque, o prefeito de Hiroshima expediu um comunicado: "Essa catástrofe é o resultado de um medonho ataque aéreo. A intenção do inimigo é clara: minar o espírito de luta do povo japonês. Cidadãos de Hiroshima, o dano é grande, as perdas são muitas, mas isso é de se esperar durante uma guerra. Mantenham o ânimo. Não percam as esperanças. Não se entreguem jamais."

Mais uma prova de que os EUA "não sabem brincar". É o típico "estilão", como costumávamos dizer do colega que não sabia brincar quando éramos crianças. E, diante da resistência japonesa e ameaça ao ego americano, que não se rendeu a uma tentativa de acordo ("incondicional") anteriormente proposto, joga-se uma bomba (incompatível com qualquer chance de sobrevida) e coloca-se um ponto final na história das grandes guerras, na história do mundo, na história da humanidade. É quase um "Big Bang" ao avesso, comparando o calor e (des)criação envolvidos no processo.

Vale a pena assistir.
Abraço!

Rafael Urquisa

16/06/2016

O que é mais importante: gravar na memória ou no cartão de memória?


PARANDO PRA PENSAR sobre a evolução tecnológica versus a involução humanológica

Certo dia pensei que ter uma GoPRO, para mim, que adoro aventura, seria perfeito, pois com ela eu poderia registrar todos os momentos sob uma ótica de "primeira pessoa", como se eu pudesse registrar aquilo que eu realmente estivesse vendo, inclusive na água e com aquela programação da lente angular (lente "olho de peixe"), na tentativa de ignorar minha memória visual e delegá-la à tecnologia. Então, comprei. Gravei vídeo com ela presa no peito enquanto me jogava de uma leve montanha coberta de neve, gravei um vídeo fazendo rapel de um helicóptero, fotos em baixo d'água, fotos de coisas interessantes, fotos com ela presa nos cachorros, fotos com ela presa no capacete, fotos de tudo, fotos de paisagens surreais, etc, etc, etc. E o que era engraçado é que nessas paisagens surreais eu tirava a foto na altura do meu rosto, na tentativa de registrar digitalmente o que os meus olhos viam. Minha nossa, que coisa patética. E, para piorar, agora me recordo que, em algumas viagens que fiz ano passado, eu levava um tablet na mochila, uma câmera digital em um bolso, a GoPRO no outro bolso e também o celular; e tirava fotos de todos. Para quê? Por quê? Na tentativa de tornar aqueles momentos incríveis em momentos inesquecíveis.

No entanto, o que torna o momento inesquecível é o fato de vivenciar o momento incrível com todo o foco possível, coisa que eu não estava tendo. E, depois desse pensamento, eu vi que não precisava de câmeras. Vendi a câmera digital. Vendi a GoPRO. E hoje tento ver as câmeras do celular e tablet como instrumentos, assim como a calculadora, que utilizamos quando precisamos. É incrível como as observações do mundo hoje em dia são feitas através das lentes das câmeras (mais ainda dos celulares) e não mais pela retina. São muitos "dados móveis" para poucas "associações neuronais". Hoje eu me sinto melhor, mais livre, com a simples preocupação de apenas olhar "além da superfície", sem necessariamente registrar isso de um modo que possa ser impresso; mas, sim, expresso!

Em uma última viagem (viagens são sempre momentos que requerem registros digitais), tirei fotos apenas para mostrar para amigos que 98% de Belo Horizonte é ladeira e 2% é plano (é como se fosse a Sé de Olinda ampliada, com uma ladeira da misericórdia em cada esquina; quase isso!) e para mostrar o tamanho dos pães-de-queijo. As ruas são incrivelmente limpas, organizadas, pessoas educadas, as praças são incríveis, tudo muito arborizado, tudo muito bonito, mas nem tirava o celular do bolso. A foto não me interessava. No entanto, eu não deixava de registrar nada! E, por isso, talvez, eu me lembre da moça do boteco que comprava pão-de-queijo (que tinha uma sotaque muito puxado/engraçado), do guarda municipal que perguntei como chegava à Praça da Liberdade, do cara dependurado a uns 10 metros de altura para cortar as folhas secas da palmeira em frente à praça, das crianças (nunca vi tanta criança junta, exceto em recreio de escola) brincando na praça, da beleza e organização milimétrica das palmeiras imperiais na Praça da Liberdade (vejam no Google Imagens), da roda de capoeira na Av. Afonso Pena, da beleza "colírica" da Lagoa da Pampulha, etc. Eu acho que quanto mais há a preocupação com fotos, menos se tem lembranças, por mais paradoxal que possa parecer.

Destaco que não estou condenando o ato de tirar fotos ou registrar os momentos que sejam importantes, mas de ser refém disso. Tem gente que ao ver um ídolo sequer olha para ele, senão pela lente da câmera que está a gravar. Tem gente que sequer olha para o eclipse, pois está acompanhando tudo pela gravação, pela tela do celular, enquanto grava ou tira fotos. É isso que é preocupante. É isso que é grave. E depois? Depois você só se lembra dos pixels. E pixels comprometem o saudosismo, comprometem a emoção do momento, o afeto. Isso que é preocupante. Isso a foto não capta, não registra, não retoma.

Talvez, no passado, certamente existam coisas de que eu só me lembre pelas fotos, porque eu simplesmente "esqueci" de ver com os meus próprios olhos. E o que é mais importante: salvar as fotos no cartão de memória e compartilhar ou salvar as memórias e compartilhar de dentro de você para o mundo? Cabe-nos parar pra pensar no quanto a evolução tecnológica vem nos involuindo, atrofiando.

Grande abraço!

Rafael Urquisa

09/06/2016

O que você está fazendo pelos seus sonhos?

 

PARANDO PRA PENSAR sobre o protagonismo em nossa própria vida

O texto abaixo não é meu, mas vale muito ser compartilhado. Ainda mais pela ocasião em que o conheci. Ontem, enquanto pagava algo em uma padaria em frente à Farmácia Quatro Cantos, em Recife, peguei um panfleto amarelo, do Espaço Circular, uma empresa que desenvolve cursos de desenvolvimento pessoal, coaching, workshops na área de criatividade e mudanças de hábitos de vida, e também realiza atividades como yoga e danças circulares. Resumindo, achei o Espaço interessante e fiquei curioso. Logo, tomei o panfleto e o coloquei no bolso.

Pesquisando sobre o Espaço, através do site e página no Facebook, vi a que se propunha a empresa e também conheci a Daniela Cunha, proprietária do Espaço Circular e autora de blog e de um podcast MASSA, além de vídeos no youtube, com altas sacadas/insights de criatividade, reflexões para a vida, autocrítica e desenvolvimento pessoal. Dentre muitos, um vídeo e texto que me chamou atenção foi o que compartilho a seguir. Vejam que texto massa!

______________________________________________________________________

O que você está fazendo pelos seus sonhos? (título meu)

​"​Você tem sonhos? Projetos ousados? O que você vai fazer hoje para começar a escalada da montanha dos seus sonhos? O que você vai fazer esta semana para chegar mais próximo ao topo onde você quer chegar? Muitas vezes nós não iniciamos esta escalada pois achamos que é muito alto e duvidamos da nossa própria capacidade de escalar esta montanha, ou não queremos nos esforçar. Mas será que a experiência da vida está no topo ou está na própria escalada? Buscar nossos sonhos mais ousados, fazer algo em direção às realizações é que gera a experiência. Como é que você está experienciando a sua vida? Como é que você está se sentindo em uma Segunda-Feira? Em uma Quarta-Feira? No seu cotidiano?

Uma vez eu tive um sonho: Eu queria fazer uma viagem, uma viagem ao sul da Espanha, verificar por lá as arquiteturas mouriscas, e depois pegar um barco e ir conhecer o Marrocos. Eu sonhei em fazer esta viagem por 15 anos! E eu não sabia se um dia ela ia acontecer, pois eu achava que era assim, acontecia ou não acontecia. Mas aí eu percebi que eu não estava fazendo nada para fazer aquele sonho acontecer na minha vida, até que um dia eu perguntei: Porque não? Larguei então os medos e as incertezas e resolvi realizar minha viagem dos sonhos. Nesse tempo todo eu já havia lido livros, artigos, reportagens e sabia exatamente onde eu queria ir, o que eu queria ver e o que eu queria experienciar. Comprei a passagem 3 meses antes da data da viagem, e nestes 3 meses me dediquei a planejar meticulosamente onde iria me hospedar, o que iria visitar, mas sempre tomando o cuidado de deixar espaço para o inesperado acontecer, deixando espaços vazios para decidir lá o que iria fazer. Quando cheguei lá, tive experiências que não poderia ter tido se não fosse este sonho, esta paixão, este planejamento meticuloso que eu fiz, esta visão que eu tive para aquela viagem.

Uma das histórias desta viagem foi quando saí de Sevilla e cheguei em Marrakesh 24 horas depois, pois esta foi uma das decisões que fiz: Eu não quis fazer este trajeto por avião, quis fazer por terra, por mar. No caminho, em Tarifa, me banhei no mar, no encontro do oceano com o mar mediterrâneo, e prossegui a viagem com sal no corpo, pois não tinha como tomar banho de chuveiro. Cheguei em Marrakesh louca de vontade de tomar um banho! Então fui recebida no hotel que tem um jardim central com uma fonte de água rodeada por ervas aromáticas, no quarto rosas para perfumar o ambiente, tomei banho com o shampoo e sabonete com delicioso perfume de ervas, que experiência!

Quando voltei da viagem, um amigo que ouviu minhas histórias foi também ao Marrocos, e quando ele voltou da viagem dele, ele me disse: “Daniela, o Marrocos que você foi, foi totalmente diferente do Marrocos que eu fui. É outro Marrocos”. E eu falei: É claro! Você comprou um pacote turístico que outras pessoas organizaram a viagem para você e hospedaram você na parte moderna da cidade. Eu quis ficar dentro da medina medieval, para vivenciar esta experiência, pois eu sabia o que eu queria ver e o que eu queria experienciar.

Assim é a vida, quando nós sabemos o que queremos viver, o que queremos experienciar, e fazemos, buscamos, procuramos como fazer com que essas coisas aconteçam, temos experiências completamente diferente daquelas pessoas que deixam outros organizarem o “pacote turístico” da sua vida.  Quando se delega à outras pessoas a determinação do que acontece no seu dia, na sua semana, na sua vida, é claro que sua experiência de vida é diferente dos que decidem, planejam e constroem suas oportunidades.

Como está sendo a sua experiência de vida? Você está visionando? Planejando? Se questionando sobre o que você quer experienciar e sentir? Você está trabalhando para manifestar, realizar e trazer mais destas coisas para sua vida? Então comece e continue a escalada da montanha dos seus sonhos mais ousados, pois a escalada é assim: Visionando e trabalhando para realizar os sonhos que são seus, únicos, pois o que importa não é chegar no topo, mas é a jornada que faz com que experienciemos a sensação de estarmos vivos e vibrantes, experienciando a experiência da vida da forma que queremos, e assim você vive uma VIDA CRIATIVA​".

Daniela Cunha​

______________________________________________________________________


Para quem quiser conhecer o Espaço e a Daniela, o site é www.espacocircular.com. Nesse endereço tem todos os outros meios que ela utiliza para se expressar, como youtube, blog, podcast, tumblr, etc. No entanto, o podcast e youtube, pra mim, foi o que mais me chamou atenção. Vale a pena conferir e acompanhar (assim como farei a partir de agora)!


Destaco que isso não é propaganda, não é publicidade. Aliás, é. É, sim. Mas é gratuita, simplesmente pelo meu compromisso de compartilhar o que é bom, seja uma coisa, uma ideia, uma pessoa, um acontecimento, uma reflexão. Sempre parto do princípio de que se eu tive a "sorte" de encontrar esse panfleto e me encantar com as ideias que ele me deu oportunidade, outra pessoa pode não ter essa "sorte" e, por isso, deixar de conhecer uma coisa boa. Então, o meu compromisso social é de compartilhar, ainda que você ignore, ainda que você nunca procure saber sobre. Não importa. O que importa é que o meu papel eu fiz. Missão cumprida.

Forte abraço!

Rafael Urquisa

31/05/2016

O que é possível aprender com a jardinagem?

 


PARANDO PRA PENSAR sobre as lições de vida que o banal pode oferecer

Depois que passei a morar em uma casa descobri uma nova paixão: a jardinagem. Das ervas daninhas até à correção do pH do solo com calcário, eu me interesso. Com destaque para as palmeiras (imperiais, manila, areca, cyca, cyca revoluta, coqueiros, etc) e pés de fruta (mamão, jambo, manga, goiaba, caju, limão, pitanga e romã), todos plantados e cuidados aqui. No entanto, mais do que uma ornamentação, paisagismo, flores, frutos e contato permanente com a natureza, a jardinagem (algo extremamente banal como plantar um porcaria de uma semente) permite inúmeras reflexões e lições de vida, as quais com certeza farei questão de passar para os meus filhos.

Uma das primeiras coisas que eu vou ensinar para o meu filho é a jardinagem. E jardinagem, normalmente, a gente não aprende na escola. Ainda que isso seja aprendido, será a técnica, a prática, o processo de cavar, plantar, regar, deixar ao sol e esperar para ver brotar. Mas existe uma coisa por trás disso, a qual a escola não nos ensina. Na verdade, acredito que todas as coisas que realmente importam na vida a escola não nos ensina. É como o educador, escritor e filósofo Cortella diz: "a escola não faz educação, a escola faz escolarização, que é uma parte da educação". Logo, fica fácil de concluir que há alguma coisa errada na nossa formação enquanto cidadão, ou melhor, enquanto ser humano. Mas isso é para um outro texto. Retomemos, então, ao que primeiro irei ensinar ao meu filho.

Assim que for possível (cognitivamente) ele entender o sentido metafísico/conotativo das coisas, discutiremos quais as semelhanças que a jardinagem tem com a nossa vida. Antes disso, nós apenas cavaremos, plantaremos, regaremos, deixaremos o sol atuar e esperaremos para ver brotar, assim como ele poderá, talvez, aprender na escola. Caso não, assim começarei.

Visando uma discussão futura, plantaremos um pé de feijão e um pé de mamão, pois sei que o primeiro demora cerca de uns quatro dias para brotar, enquanto que o de mamão, umas duas semanas. Perguntarei o porquê de um haver brotado primeiro e o outro demorado tanto. É provável (e natural) que ele fique feliz pelo pé de feijão, mas ansioso, curioso e inquieto pela lentidão do pé de mamão. Discutiremos sobre isso. Por que algumas nascem mais rápido e outras não?

Após alguns dias, compraremos alguns vasos, sacos de areia adubada e algumas plantas. Escolheremos o local em que o vaso ficará, colocaremos a areia no vaso, plantaremos a planta escolhida e regaremos com a esperança de que no outro dia ela esteja mais bonita. Mas isso não vai acontecer. No outro dia ela estará menos vigorosa, frágil, com algumas folhas a menos. No entanto, após uma semana, aproximadamente, perceberemos juntos que a planta está retomando a sua beleza que vimos no momento em que a conseguimos/compramos. Discutiremos sobre isso. Por que em um primeiro momento ela parece morrer e depois de um tempo ela retoma sua beleza?

Após alguns meses, compraremos grânulos de fertilizante contendo nitrogênio, sódio e potássio. E depois de algumas semanas iremos perceber juntos que todas as plantas ficaram mais verdes, mais bonitas, mais fortes, deram mais flores e frutos depois de colocarmos o fertilizante. Nesse momento discutiremos qual a influência que o fertilizante tem para as plantas. Nesse momento discutiremos o que são esses elementos químicos e para que eles servem. Por que a planta passou a crescer mais depois que utilizamos o fertilizante? Poderemos também discutir nesse momento o porquê de as folhas serem verdes, e o porquê de as plantas precisarem da exposição ao sol.

E, em algum momento, discutiremos o quanto podemos obter lições de vida com o simples lidar com a jardinagem, o quanto poderemos ir além da razão biológica e fisiológica, da ciência da natureza em si. E a ideia é que ele perceba que o fruto que se come ou as flores que se compram para se dar de presente necessitam de um PROCESSO que tem início muito tempo antes do resultado final. A flor para ser flor ela precisou ser desejada, planejada, plantada, regada, cultivada, fertilizada, cuidada, para depois ser cortada e vendida. A fruta também precisou passar por todo esse PROCESSO. Ele vai entender que tudo na vida faz parte de um processo; que as coisas não já nascem prontas. Assim como na jardinagem, na nossa vida a gente precisa cavar (dedicar-se), plantar (dar-se), regar (investir), deixar o sol atuar (dar tempo ao tempo) e esperar brotar (colher os frutos). Se você cavou pouco, plantou pouco, você colherá pouco. Se você cavou de forma medíocre e plantou uma semente podre, você vai colher fruta podre.

O pé de feijão e o de mamão farão ele perceber que na vida nem tudo tem o tempo que queremos que tenha. Algumas coisas são imediatas, outras não. E não adianta que você queira que aquilo brote agora, a única coisa que você pode fazer é esperar. Apenas! Só! Não tem pra onde correr. A ansiedade e inquietude pode ser vã.

Ele vai perceber que depois de colocar uma planta em um novo vaso ela requer um tempo para se acostumar com o novo ambiente. Primeiro ela se restringe de toda sua beleza e força, para depois retornar à forma ideal. Ele vai perceber que tudo requer adaptação, e que cada planta tem o tempo, assim como cada pessoa tem o seu tempo.

Com o uso do fertilizante ele vai perceber que na vida precisamos sempre fertilizar as coisas e as pessoas ao nosso redor, pois as flores e frutos que colheremos delas (das pessoas), consequentemente, serão mais coloridas, mais doces. Aqui ele vai perceber também que há desenvolvimento sem o uso do fertilizante, no entanto, se existe um instrumento natural que me permita potencializar isso, é claro que parece ser mais interessante. Ele vai perceber que é sempre melhor utilizar instrumentos que motivem e estimulem as coisas e pessoas ao seu redor, assim como fez com as plantinhas que fertilizou.

Por fim, eu já velho e ele já adulto, e não me importando que ele seja jardineiro ou um grande empresário, o que me importa é que ele tenha contato com a jardinagem, o que me importa é que ele seja em algum momento da vida protagonista e responsável pela vida de um outro ser vivo (planta, pessoa, animal), e saiba que tudo que ele faz, que todas as atitudes que ele tem, podem trazer repercussões que FAÇAM CRESCER ou FAÇAM DESTRUIR, e que perceba que os frutos que serão colhidos por ele dependerão do QUANTO e de COMO ele vai decidir CAVAR e PLANTAR. E que não adianta querer que tudo aconteça no seu tempo, pois os frutos só estarão prontos para serem colhidos quando tiver de ser. Do contrário, poderá facilmente ter um sabor amargo.

Isso tudo eu tenho certeza que a escola não vai ensinar. E, na verdade, não tem de ensinar mesmo. Isso é algo inerente à formação do indivíduo, de caráter, de personalidade. Não se pode delegar TODA A EDUCAÇÃO à escola. É impossível formar uma personalidade das oito ao meio-dia, com toda uma desconstrução dessa formação no contexto extra-escolar. A formação do indivíduo ocorre fora da escola, e a ela cabe apenas CONTRIBUIR com essa formação.

E você, se nascesse hoje, qual seria a coisa mais importante a ser aprendida para a sua vida (e que, claro, a escola não ensinaria)?

Forte abraço!

Rafael Urquisa

21/05/2016

Até onde o preconceito pode nos levar?

 

PARANDO PRA PENSAR sobre a potencialidade do preconceito

Ao assistir a um vídeo falando sobre a Ku Klux Klan (https://www.youtube.com/watch?v=VCWY8YkqcRE), rapidamente me veio à cabeça uma discussão com um colega sobre preconceito, na qual ele afirmou que aqui no Brasil não existe preconceito, que isso tudo é ilusão da minoria. Acreditem, essa frase realmente foi proferida por um ser humano portador de encéfalo. E, infelizmente, eu não a esqueci. Existem coisas que depois de ver e/ou ouvir a gente não consegue "desver" ou "desouvir". Triste para mim. Na hora em que assistia esse vídeo, pensei: "MEU DEUS! Até onde o preconceito consegue chegar? Inacreditável. Se fulano (identidade preservada) assistisse a esse vídeo seria difícil de ele argumentar que o preconceito é ilusão; seria impossível".

Nessa mesma discussão, argumentei que essa era uma realidade muito óbvia, muito evidente em nosso país, na qual nem se precisa de uma longa discussão para se chegar a uma conclusão de que isso é FATO. Exemplifiquei com a seguinte possibilidade: imagine você (apontando para o colega) em uma entrevista de emprego como recepcionista. Você não é negro, não é homossexual, concluiu seu ensino médio, possui todos os dentes, não é cego, não é "doente mental", não é deficiente físico, e pode, atualmente, ir com uma roupa bacana para a entrevista de emprego. Ok, foram muitas variáveis para se pôr em conta. Então, vamos diferenciar apenas em negro, gay e pobre. Imagine em uma entrevista: você, um gay e um negro. Quem ficaria no emprego? Recebo a resposta: "Qualquer um, a depender da competência". Respondo: "Ok, beleza. Agora imagine que você, o gay e o negro fizeram o mesmo curso, na mesma faculdade, mesmas experiências profissionais. Quem ficaria no emprego?". Recebo a resposta: "Nada a ver. Esse negócio de preconceito aqui no Brasil... isso é ilusão!". Retornei: "Ilusão?! É sério, isso?! Beleza, ok". Conclui veementemente a discussão, abismado, com a certeza de que NÃO VALERIA A PENA PERDER MEU TEMPO.

No entanto, a resposta seria o "você". "Você" é o ser humano reconhecido socialmente como "normal" (normal-entre-aspas), reconhecido como uma pessoa eleita para receber outras (no cargo de recepcionista), a qual não desperte "rejeição" nas outras pessoas. E isso pode até mesmo ser uma avaliação inconsciente da sociedade, fruto de uma construção culturalmente preconceituosa. Para deixar claro, essa não é a minha opinião, a de que o "você" era a pessoa mais indicada, mas é a constatação de que é como, atual e infelizmente, "a máquina" funciona, como "a máquina" gira, queira eu ou não.

Pensando que "o preconceito é uma opinião não submetida à razão" (Voltaire, filósofo francês), como fazer uma pessoa enxergar que EXISTE PRECONCEITO NO BRASIL, se essa pessoa está IRRACIONALMENTE, EMOCIONALMENTE, VISCERALMENTE (sim, estou sendo redundante) convencida de que não há? Restou-me dizer "hunrum, ok, beleza". Tem certas coisas e certos momentos que é melhor você permanecer são do que querer estar certo. Continuar nessa discussão só ia me desgastar e não ia mudar nada na cabeça do colega. Fazendo uma analogia, seria como continuar cavando no mesmo local depois de descobrir que o tesouro não estava mais ali. Não fazia mais sentido. Einstein dizia que "é mais fácil desintegrar um átomo que o preconceito". E, com o passar do tempo, isso vem piorando: eu mesmo lembro de ter estudado que o átomo (partícula indivisível) já se divide, enquanto que o preconceito só aumenta. Einstein já estava certo há tempos!

Até onde o preconceito pode ir?
Até onde pode chegar a ideologia de que uma raça é superior?
Assistam ao vídeo e observarão as respostas para essas perguntas.

Forte abraço.

Rafael Urquisa

20/05/2016

Quanto você vale? Ter ou não ter, eis a questão.

 


PARANDO PRA PENSAR sobre o real valor das pessoas

Tive a infelicidade de participar do seguinte diálogo:

- E aí, já estás rico? Tu só trabalha aqui, é? Não trabalha em mais nenhum outro vínculo?!
- Não, apenas aqui. E nem quero outro.
- Ah, entendi. E será que fulano (identidade preservada) já está? Ele trabalha pra caramba, em vários lugares.
- Não sei.
- Qual o carro dele?
- Não sei...
- É novo?
- Não sei...
- Ele já tem carro?
- Também não sei, visse.
- E tu, tem carro?
- Não, nem tenho.
- Tu vem de ônibus, é?!
- Não, venho de moto.
- Hmmmm, e qual é tua moto?
- Uma BROS.
- Ah, mas daqui a pouco tu compra teu carro.
- Não, eu não quero carro. E nem preciso de um carro agora.
- Ah, então daqui a pouco tu troca tua moto.

P-u-t-a-q-u-e-p-a-r-i-u-! Então, para adentrar a uma classe social eu preciso TER/POSSUIR alguma coisa de valor, algum bem que seja cabível declarar no Importo de Renda? Eu achava que bastava eu existir, mas parece que não. O que você é, pouco importa. E se eu tivesse apenas uma bicicleta e quisesse me locomover com ela pela cidade? Eu seria considerado um mendigo de carteira assinada? Quase, né... Depende da bike. Se o freio for a disco aí é bike de empresário. Mas se for freio de pastilha, ai pode ser a bike do mendigo, realmente. Essa lógica de VOCÊ É O QUE VOCÊ TEM é assustadora. E, apesar de ela sempre existir, nunca tive uma experiência tão concreta como nesse diálogo. Eu confesso que fiquei assustado com aquela realidade nua e crua, sem um mínimo de eufemismo.

Pensando como Rubem Alves, quando afirma que "Nós não vemos o que vemos, nós vemos o que somos. Só veem as belezas do mundo, aqueles que têm belezas dentro de si", fica fácil perceber que outras pessoas são vistas apenas pelo ponto de vista do que possuem porque o observador delas leva a vida sob esse propósito. Dessa forma, fazendo uma analogia, não tem como fazer suco de tomate usando limão. Então, o que e como você vê as pessoas é muito mais como você é do que como são, de fato, as pessoas.

Pensei: "Fulano" é uma pessoa incrível, um profissional fora da curva, com uma experiência fora do normal, e também uma pessoa extremamente ética, atenciosa e altruísta. Que diferença faz se ele tem carro? Que diferença faz se o carro dele é novo? Eu não consigo encontrar resposta diferente de "nenhuma". E pior, antes disso, eu não consigo encontrar sentido na ligação entre os bens da pessoa e a pessoa.

Qual o real valor das pessoas: o que elas têm ou o que elas são?

Abraço!

Rafael Urquisa

07/05/2016

Qual é o maior perigo para a sua felicidade?


PARANDO PRA PENSAR sobre as ameaças à nossa felicidade

Desde pequeno somos instigados a sonhar alto. É isso que nos aconselham aqueles que nos amam, ou que, no mínimo, tenham alguma admiração por nós. "Sonhar alto" no sentido de correr atrás dos nossos sonhos, alcançá-los, não deixar nada atrapalhar a realização deles, não hipervalorizar os obstáculos que terão pelo caminho. Do contrário, facilmente estará presente a frustração cotidiana, o condicionamento robótico do simples ciclo de acordar-trabalhar-retornar-comer-dormir-acordar-trabalhar, sem um grande propósito, sem um grande porquê na nossa vida.

Mas olha que loucura: existe muita gente que auto-destrói a sua trajetória para a felicidade, seja destruindo por si só os seus sonhos (se autolimitando ou se fazendo acreditar que aquilo é impossível), seja agregando valores e pessoas às suas vidas as quais contribuem para essa destruição. Tudo pode ser uma ameaça para a sua felicidade. Mas também tudo pode ser um estímulo. A felicidade depende unicamente de você e do que e quem você escolhe para caminhar junto nessa jornada. Você é totalmente responsável pelo trajeto até ela. Perceba que não estou ignorando a presença de outras pessoas, elas são fundamentais. Mas o que destaco é que até mesmo essas pessoas, elas são colocadas (e se mantêm) na sua vida porque você permite, porque você escolhe. Logo, você é responsável por pessoas que te desestimulam ou estimulam a sempre querer e fazer o seu melhor para realizar os seus sonhos.

Mas o que estou querendo dizer? Simples e direto: escolha ter ao seu lado pessoas que sempre o estimule a ser a sua melhor versão. Não estou falando em ser perfeito ou melhor do que ninguém. Estou falando em ser a melhor versão que lhe é cabível. Sempre! É o que o Murilo Gun sempre fala: "Você é a média das 5 pessoas que você mais convive". Se você convive com pessoas FODA (o adjetivo FODA é relativo; é o que é importante pra VOCÊ; é o que converge com suas ideias), isso te faz ser um pouco da média delas. Se você apenas convive com pessoas medíocres, a tendência é que você passe a agir de forma medíocre, pense de forma medíocre, escreva de forma medíocre, viva de forma medíocre e encare os seus sonhos assim como as pessoas medíocres, e também acredite que a felicidade está no condicionamento robótico do ciclo, assim como pessoas medíocres. Vamos conceituar o termo medíocre: "aquele que está entre o grande e o pequeno; entre o bom e o mau". Esse é o conceito que o Google nos apresenta. Eu queria deixar isso mais claro: medíocre é o que NEM FEDE E NEM CHEIRA, NEM TREPA E NEM SAI DE CIMA, NÃO MORDE E NEM LATE, NÃO É QUENTE E NEM FRIO, TANTO FAZ.

Ah, as eu sou feliz dentro desse ciclo, não pode? Pode, claro. O que não pode é você se auto-sabotar de que isso é a sua felicidade por simples comodismo. Isso gasta menos energia-mental, é mais confortável, é mais cômodo, mas FODE com tudo no mundo. Tudo! Imagine um mundo com todos fazendo o que gostam. Você chega numa loja e a atendente te recebe feliz e motivada, pois ela sempre quis ser lojista e o trabalho para ela nada mais é do que a realização diária de um sonho. Ela vivencia o seu sonho TODOS OS DIAS da sua vida. Agora imagine uma lojista que te recebe mal, pelo fato de não estar feliz com o que está realizando TODOS OS DIAS, e não acredita no seu potencial. Ela sonha em ser veterinária, mas diz que nunca teve oportunidades na vida, se diz incapaz de passar em um vestibular, diz que já está velha demaispara estudar, diz que não tem tempo, diz que está sempre cansada. Eu entendo as dificuldades, as limitações, ainda mais em um país o qual a desigualdade (e a falta de oportunidades) é bem evidente. Mas qual o sentido da vida desse jeito? Não seria incrível se todas as pessoas do mundo trabalhassem com o que sonham e com o que as deixam felizes?

A pior ameaça de todos os tempos à felicidade são aquelas pessoas que não sonham alto, e, consequentemente, cortam as suas asas para que você também não voe, não sonhe alto, ainda que isso seja inconsciente por parte de outrem. Essas são as mais perigosas. A visão de um futuro ao qual sonhamos nos estimula e motiva. E isso funciona para qualquer pessoa. Um ser humano que não tem ou sente isso é um ser que não transborda. Como assim, não transborda? Imagine o leite esquentando no fogo. A parte externa do recipiente só entrará em contato com o leite caso ele transborde. Do contrário, a parte externa NUNCA SERÁ CONTAGIADA PELO LEITE. Um ser humano que transborda pode te ajudar nos teus sonhos, uma vez que você (parte externa) será tocado/contagiado por esse conteúdo (o leite).

Existem pessoas que não transbordam, não compartilham do seu conteúdo interno para a parte externa. E, quando veem que você está querendo voar alto, te puxam pra baixo. Como têm medo de arriscar, de ir em busca dos sonhos, querem que outras pessoas permaneçam juntos a ela. Essas pessoas são uma grande ameaça à sua felicidade.

Isso pode ser percebido como uma visão egoísta de relação interpessoal, mas a discussão não é ter pessoas em sua vida que apenas TE OFEREÇAM ALGO PARA QUE VOCÊ POSSA SUBIR, não é se aproximar de pessoas ou usá-las para conseguir os seus objetivos. Definitivamente, não é isso. A reflexão é em cima de que VOCÊ É PROTAGONISTA DA SUA FELICIDADE, e deve usar as variáveis ao seu redor para que potencialize o seu propósito de vida. Refiro-me à convergência das variáveis em prol da felicidade.

Outra ameaça, além de pessoas, são coisas e hábitos que te tiram do seu foco, que comprometem a sua trajetória. Se o meu sonho é correr uma maratona, eu estou treinando para isso, alimentando-me para tal, dormindo melhor? Se meu sonho é trabalhar em um determinado local, eu estou criando as oportunidades para tal, estou convergindo as variáveis para que isso se concretize? Por exemplo, o Facebook me distrai, toma-me o foco, diverge do meu objetivo? Eu realmente preciso do Facebook? Aquele grupo no Whatsapp não me traz nada, não me acrescenta nada, o povo só envia e fala bobagem? Eu realmente preciso estar nesse grupo? São COISAS que podemos refletir sobre o que nos traz algum valor ou não. E isso é EXTREMAMENTE relativo, mas imprescindível de reflexão.

Quais as maiores ameaças para a sua felicidade hoje em dia? Você realmente precisa delas no seu cotidiano? O que você tem feito para agregar coisas na sua vida que te estimulem a alcançar a felicidade? Se nunca refletiu sobre isso, é bom parar pra pensar...

Forte abraço!

Rafael Urquisa

05/05/2016

Por que, apesar de impactante, é bom trabalhar com acidentes?

 


PARANDO PRA PENSAR sobre a igualdade em um cenário de vulnerabilidade

Certo dia, enquanto tripulante de uma ambulância, e após ter deixado um paciente extremamente grave na unidade hospitalar, pensei no quanto o ser humano é pretensioso  ao achar que é superior a outrem. E sempre que eu me deparava com uma situação dessas, de atendimento como esses, envolvendo acidentes de carro, de moto, vítimas de arma de fogo e afins, sempre pensava no limiar da sobrevivência como algo tão fino, algo tão frágil, sempre pensando naquela expressão de que "para morrer basta estar vivo". E isso me faz, mais ainda, não entender como uma pessoa ainda pode achar que, pelo fato de ter um cabelo liso, uma pele clara ou mais dinheiro no bolso pode ser melhor do que outra pessoa. Parece uma conclusão fria, mas não, ela é a realidade: no final das contas, todo mundo fede igual; no final das contas, o sangue que escorre é vermelho do mesmo jeito; o osso que quebra, também. É tudo igual. Não entendo.

E, pensando assim, conclui-se que, de todas as doenças ou agravos à saúde, o trauma (acidentes) me parece o mais democrático. Algumas doenças, a depender de seu contexto econômico, sua cor de pele e etc. até podem repercutir no seu aparecimento; é o que se chama de fator de risco. No entanto, o trauma é democrático. E me refiro à fragilidade humana, à fragilidade anatomofisiológica. Não faz diferença para uma bala se sua cabeça possui conexões neuronais de um analfabeto ou de um pós-doutor, ela penetra do mesmo jeito. Para a faca, pouco importa se sua pele é branca, preta, amarela, ela perfura e corta do mesmo jeito. Para o fígado, no trauma abdominal, pouco importa se você come caviar ou água com farinha, ele é o principal acometido nessa situação e se rompe do mesmo jeito. A fragilidade é a mesma. E, diante da morte, pouco importa se você tem mil reais ou dois reais no bolso, o corpo apodrece e fede DO MESMO JEITO. Mas ainda há aqueles que se sentem, de alguma forma, superior ao próximo.

Isso não me faz necessariamente levar a vida como o simples e absoluto "Carpe Diem", para aproveitar o agora e ponto final, uma vez que "para morrer basta estar vivo". Não é isso. Essa ideia me parece muito radical. Mas o que é primordial é considerar a nossa fragilidade (enquanto ser humano, enquanto ser vivo, enquanto SOBREVIVENTE), tendo consciência de que o que você TEM NÃO FAZ DIFERENÇA NENHUMA em um acidente, em um cenário de vulnerabilidade à sua sobrevida.

Tudo isso permite a valorização das coisas. Há um provérbio que diz que "terminado o jogo, o rei e o peão repousam lado a lado na mesma caixinha". Acredito que pensar desse modo faz valorizar as coisas ao redor e, principalmente, AS PESSOAS. Diante dessa minha fragilidade enquanto ser vivo, que cuidados posso tomar, de que forma eu posso me prevenir, como eu posso contribuir para a segurança de outrem que convive no meu mundo, será que vale a pena eu me glorificar apenas por ter um carro do ano? Mas, no FINAL DAS CONTAS, não somos todos iguais? O carro do ano REALMENTE me faz melhor ou superior a alguém? Cabe parar pra pensar nisso.

Forte abraço!

Rafael Urquisa

28/04/2016

Qual o sentido da homofobia?


PARANDO PRA PENSAR sobre a necessidade pública da virilidade

Há algum tempo confesso que brincadeiras e piadas com homossexuais me faziam rir, assim como com qualquer outro contexto socialmente oprimido, ainda que eu não fosse o gerador delas, por haver um mínimo de respeito da minha parte pelo outro ser humano (independente de escolha sexual, cor, etc). No entanto, há pouco conclui que achar graça de tudo isso que acontece de forma insana na nossa frente, é também uma reprodução desse preconceito, ainda que inconscientemente, ainda que pensemos que rir não é nada demais. Errado! Rir é reproduzir a opressão. Rir é omitir socorro!

Hoje aconteceu uma coisa muito estranha, que foi tão surreal que eu ainda não estou acreditando se realmente foi verdade, se era apenas uma brincadeira e a "vítima" estava levando "numa boa" e eu quem estava demasiadamente preocupado com a situação; mas o fato é que foi uma coisa muito comum de se acontecer e ninguém reflete sobre isso. E o que mais me deixou indignado é que, apesar de pensar diferente de todo mundo ali naquela hora, eu fui omisso, eu reproduzi a opressão. Não de forma ativa, pois não agredi ninguém, mas também não defendi. E a partir do momento em que eu respondo com omissão, eu também sou conivente, eu também fico do lado que agride.

Largando às 19:15, com pressa por querer pegar um filme no cinema às 19:40, decidi trocar de roupa, após o trabalho, no vestiário conjunto, onde todos os funcionários o utilizam, algo que normalmente evito pelo fato de que a falta de educação elimina uns 50% do meu "life" do dia. Um exemplo disso é ter de compartilhar telefones celulares tocando músicas que eu não pedi para ouvir, discussões agressivas sobre futebol que eu não estou nem aí para quem ganhou ou perdeu, ou ter de colocar a roupa em cima dos sapatos para não colocar no chão, pois toda a prateleira está ocupada. Mas, hoje, eu preferi me trocar no vestiário conjunto.

Passados uns 2 minutos após eu ter entrado e começado a minha troca, percebo que um homem começa a se trocar próximo a um outro armário e um outro cara começa a fazer brincadeiras e piadas com um rapaz que estava há 1 metro de mim, do tipo: "cuidado, não se troca sem cueca aqui não, porque fulano tá aqui", e um monte de gente começava a rir, fazendo graça da possível sexualidade do rapaz. Se o cara era homossexual ou não, não sei, e tampouco me interessa, tampouco faz diferença para mim. Além disso, enquanto o rapaz, totalmente constrangido, com um monte de gente fazendo piadas e brincadeiras de sua sexualidade, e ele sozinho em meio a uns 8 homens escrotos, um deles dava tapas em sua bunda, enquanto ele se arrumava rapidamente para sair daquele contexto hostil. Ele, em minoria, acuado, sem poder para reagir, apenas pedia para o cara parar. Mas não adiantava.

Eu fiquei muito sério, meio desnorteado, sem entender o que de fato acontecia, exatamente por não conhecer as pessoas envolvidas nesse caso. Eu tentava entender se realmente havia alguma intimidade ali entre "amigos", se aquilo era algum tipo de palhaçada entre amigos, ou se realmente era um contexto homofóbico. E, nessa tentativa de entender, eu ficava com minha atenção e olhar totalmente direcionado para a "vítima" enquanto eu me trocava, tentando captar alguma resposta não-verbal que me fizesse entender o que estava acontecendo, e também torcendo para captar um: "Poha! Vocês me respeitem. Vocês podem pensar o que vocês quiserem, mas me respeitem. Não interessa! Isso é o mínimo! E a próxima vez que você tocar em mim (se referindo ao tapa na bunda), você vai para a delegacia". Eu estava torcendo para: ou captar que, de fato, aquilo era só uma brincadeira infantil e a própria vítima estava também levando na brincadeira (o que também não deixa de ser preocupante), ou captar que aquilo realmente era uma coisa séria.

E a conclusão não demorou. Entre tapas, brincadeiras e assédio moral, percebia que a "vítima" ficava cada vez mais inquieta, séria, constrangida e organizava seus pertences em uma mochila com uma rapidez que, se eu o tivesse imitado não teria perdido o horário do filme no cinema. Nessa velocidade em organizar suas coisas para ir embora de toda aquela zona de conflito, sem perder uma oportunidade, enquanto eu estava saindo do vestiário, ainda ouvi falarem: "Cuidado pra não rasgar a mochila com essa agonia toda! (E todos riam, como uma forma de valorização da ideia da soberania do HOMEM MACHO sobre o HOMEM MULHERZINHA)".

Não é preciso ser homossexual para se colocar no lugar de constrangimento que aquele cara passou, e também no MEDO que ele sentiu. Sim, medo! Claro! Vocês têm dúvida de que aquele cara sentiu medo? Como um ser humano deve se sentir diante de outros que não respeitam o seu semelhante? O mesmo deve sentir uma mulher, quando anda de saia à noite. O problema não está na escolha sexual, o problema não está na saia curta. O problema está na desumanidade cada vez mais presente na humanidade. E assim como não preciso ser homossexual para me colocar no lugar dele, também não preciso ser uma criatura escrota simplesmente pelo fato de ser heterossexual. E estou usando o termo "criatura escrota" como um nível acima do patamar "machista", uma vez que, inevitavelmente, ainda vivemos em uma sociedade machista, e ainda que se tenha um pensamento diferente, é difícil afirmar ser 100% não-machista. Isso seria hipocrisia, uma vez que ainda existem comportamentos e hábitos que ainda são "medulares" (fazendo analogia às respostas mediadas por reflexos oriundos da medula espinhal, ou seja, que não passam pelo encéfalo). É cultural (infelizmente) um comportamento ou outro machista, mas que bom que isso está em evolução. Entenda e perceba que não estou afirmando que: "ahhh, é cultural, sempre foi e vai ser assim, não posso fazer nada. Fodam-se, vão ter que conviver com isso". Nada disso. O que trago é apenas uma constatação histórico-cultural. O que podemos mudar é o presente e o futuro; mas a constatação sociocultural, não.

Diante dessa insanidade, muitos pensamentos no caminho de volta para casa: 1) "Por que eu não fiz nada?"; 2) "Eu poderia fazer alguma coisa?"; 3) "Se eu o defendesse, as pessoas iam pensar que eu também sou homossexual"; 4) "Pensar isso também não seria um preconceito da minha parte?"; 5) "Eu estou chegando agora nesse local de trabalho, talvez não entenda as relações que as pessoas têm entre si. Será que seria muita exposição eu chegar agora, do nada, e já ir me intrometendo numa discussão dessas pessoas? O que fazer?"; 6) "Será que eu não intervi porque também seria minoria e, no fim das contas, ia haver um deslocamento do assédio para o meu lado?"; 7) "A minha omissão permitiu tudo aquilo?"; 8) "A minha intervenção poderia interromper tudo aquilo?"; 9) "Será que eu fui covarde diante da minha omissão?"; 10) "Será que seria precipitação se falasse algo?".

Mas, então, eu me pergunto: qual o sentido da homofobia? O que leva um homem à colossal necessidade de tornar pública a sua virilidade? Qual a necessidade de mostrar que EU SOU MACHO PRA CARALHO E ELE É UMA BICHINHA MANHOSA? Qual a necessidade disso? O que se ganha com isso? Ganha-se mais respeito pelas outras "criaturas escrotas"? Faz sentido ser respeitado à medida que desrespeita outrem? Qual o objetivo de diminuir um outro ser humano simplesmente porque ele não compartilha dos seus gostos? Isso o torna menor? Isso o torna incapaz? Isso o torna objeto de graça? Ainda que fosse menor, incapaz e objeto de graça, o que se ganharia com isso? O que eu ganharia diminuindo uma outra pessoa?

No que a minha vida muda se uma outra pessoa gosta de uma criatura do mesmo sexo? Nada, não muda nada. Muito pelo contrário. Se isso a faz feliz, então, ótimo. Seja feliz! O mundo precisa de mais pessoas felizes, pessoas que são aquilo que realmente desejam, que trabalham naquilo que realmente sonham, que estão ao lado daqueles que realmente amam. Isso não é problema. Muito pelo contrário, isso é a solução. E a solução está na liberdade e na igualdade por dignidade.

Então, para quem pensa que outra pessoa é menor e digna de PENA ou DESPREZO por se comportar sexualmente diferente, é bom parar pra pensar.

Abraços!

Rafael Urquisa

25/04/2016

Sobre fazer amizade no ônibus ou sentir Deus cuidar de você

Em 25 de abril de 2016 20:41, Taynan Barbosa <e-mail ocultado> escreveu:

Hoje foi uma daquelas tardes improdutivas pro estudo...

Após o almoço fui pra Biblioteca Central tentar estudar um pouco do MUITO assunto que tenho acumulado pra ler... Sentei em frente ao computador, abri e-mail, baixei arquivos, ensaiei  escrever um artigo, olhei alguns sites, mas nada fluia... Tava com um incômodo chato, uma certa ansiedade pelo nem sei o quê, então após duas horas de tentativa frustrada de fazer algo que se aproveite decidir voltar pra casa...

Ao sair da bib percebi que chovia no campus e um misto de preguiça em abrir a sombrinha e desejo de tomar banho de chuva saí caminhando sentindo o chuvisco fininho que caia... Na parada do ônibus pensava procurando entender o que me incomodava e me impedia de conseguir estudar, talvez seja a quantidade de novos conteúdos que tenho para ler e apreender e a nova rotina que estejam me deixando ansiosa e com um leve receio de não dar conta.. Não soube dizer ali pra mim mesma o que era e ainda não sei... Pensei também entre ir pra casa ou ir direto ao Derby para uma reunião que teria mais tarde... 

Por fim, como no jogo do acaso, desses que gosto de propor a mim mesma vez e sempre, decidi que o primeiro ônibus que passasse eu pegaria (quer fosse p/ casa, quer fosse pro Derby)... Esperei por uns 15 min quando finalmente veio o Macaxeira/Tancredo Neves... Subi no ônibus e vi que tava cheio: "Aff! Ngm merece! Ao menos é BRT tem um pouco mais de espaço/conforto"

E aí que começa a "contação" que quero partilhar hoje...

Eu em pé, percebo que no lado oposto ao que eu estava tinha um rapaz prestas a descer, assim que ele levantou me virei pro lugar que era dele e então vi que ao seu lado tinha duas meninas, uma aproveitou o espaço vago e se afastou mais para ocupá-lo enquanto, ao mesmo tempo fui logo me achegando e dizendo: deixa eu sentar aqui também, cabe nós três ou tem alguém muito gorda aqui?

Elas se juntaram, deram espaço pra eu me sentar e Ludmila disparou: você é uma rainha. - Eu? Ah! Obrigada! Aí foi a vez de Catarina falar: É, qm tem cachinhos é Rainha! (Pegando no meu cabelo) - Vocês também são rainhas! E logo Ludmila (Mel) respondeu: Não, nós temos cabelo liso, quem tem cabelo cacheado é rainha, quem tem cabelo liso é princesa! - Tá bem, então. Eu sou uma rainha e vocês princesas...

Daí se iniciou uma gostosa conversa de pelos menos uns 20 minutos..
Logo quem? Eu que não gosto nadinha de conversar.

Essa breve conversa me rendeu tantas reflexões, mas vou tentar sintetiza-las aqui...

Ludmila perguntou meu nome, respondi e elas se apresentaram... Ludmila (ou Mel, como Catarina a chamava) tem 6 anos, Catarina tem 8. As duas muito simpáticas e afetuosas... Falamos sobre a escola, as brincadeiras que elas gostam, a família... Foi quando entendi que elas q tinham se apresentado como irmãs, na vdd eram primas... E Ludmila me explicou que Catarina tinha um segredo que elas não poderiam contar... Nas cadeiras do lado avó e mãe de Ludmila acompanhavam nossa conversa...  Catarina me perguntou se eu tinha namorado, logo respondi que não. "Não, Catarina! Namorado dá muito aperreio e cabelo branco, ó (e mostrei os fios brancos que já tenho hahah)! Bom mesmo é brincar...

Enfim, falamos tanto, sobre tanta coisa boa nesses minutinhos que me renderia várias outras contações sobre os temas falados e as reflexões que me causaram...

Mas pra não cansar ninguém hoje vou me deter a falar aqui da reflexão maior que essa situação me causou...

Eu sou uma criatura extremamente comunicativa (quem me conhece BEM SABE) e de uma necessidade gregária quase vital, do tipo que puxo conversa em tudo que é canto (sou dessas mesmo) e os ônibus são um lócus bem privilegiado pra isso, todavia venho percebendo ao longo do tempo tenho ficado mais fechada às  pessoas, sobretudo nas minhas andanças viárias, sento, coloco os fones de ouvido e quando alguém puxa papo nem dou mais tanto cartaz...

Mas hoje, justo hoje, tinha que ter duas criaturinhas no ônibus que atrairiam e me fisgariam numa conversa tão boa que me fez repensar o que tem me feito estar mais fechada ao contato com o próximo? Será a rotina, a agitação e correria ou as marcas das relações que tenho traçado na vida e que de alguma forma me impelem a ser minimamente menos expansiva (qse que sem mt sucesso)? Não sei, mas penso que foi bom pra repensar as oportunidades de ter uma boa conversa, partilhar boas coisas... O evangelho das boas novas, por exemplo, em muitas situações cotidianas...

Ainda to pensando sobre isso sem uma conclusão exata sobre...

A outra sensação/reflexão foi sobre o sentir, o cuidar de Deus na nossa vida... Essa tarde que eu tava no misto de desânimo e frustração por não ter conseguido estudar e, enquanto julgava ter "brincado de acaso" sobre que destino tomaria, Deus colocou no meu caminho aquele ônibus com aquelas criaturinhas que me proporcionaram uma conversa tão simples e trivial, mas que me deixaram com o coração mais leve...

Não foi o acaso, NOVAMENTE, foi Deus. Cuidando de mim, colocando duas anjinhas que me remeteram à doçura da infância e me deixaram com o coração leve...

Certa vez eu aprendi, não sei onde nem com quem, que ouvir a voz de Deus é fácil quando buscamos ter contato com ele... É como falar ao telefone com alguém muito próximo a nós, ainda que não tenha identificador do número ao ouvir a voz de um conhecido logo a reconhecemos... E foi exatamente isso que senti nessa tarde... O cuidado e a voz de Deus falando comigo desde o "você é uma rainha", até a despedida quando Mel me apertou e deu um beijo e disse que na próxima vez ela me contaria uma história...

A mãe dela disse que ela não me encontraria mais e eu ainda viajando no nosso papo cabeça e no vínculo que formou ali disse: outro dia vocês pegam esse ônibus de novo e continuamos a conversar.

Concluo que Deus é bom o tempo todo, o tempo todo Deus é bom.
E não há nada melhor do que sentir sua presença através de suas criações.
Segui minha jornada rumo minha casa com gratidão e alegria no coração.

23/04/2016

Você já concluiu seus estudos? (Versão II)

 


PARANDO PRA PENSAR sobre a conclusão dos estudos (II)

Em uma formatura de uma amiga, ainda que com alcoolemia elevada, uma coisa me chama a atenção e até arrepia: em meio à descida dos formandos surge uma cabeça branca. É um senhor com a idade por volta de uns 60 anos, talvez mais, talvez menos. De marcha um pouco menos veloz, cabelos totalmente brancos, abdome globoso pela sua fisiologia hormonal já "cansada de guerra" e marcas de experiência no rosto, um típico "senhor de idade", considerando o ponto de vista CRONOLÓGICO, anatômico, fisiológico. Ele desce usando um chapéu de couro, com a música Paraíba de Luiz Gonzaga. Se é paraibano, não sei, se é oriundo do sertão, também não sei. Mas, com certeza, pela idade, pela música, pelo que quis representar naquele momento, houve muita luta e muita superação, assim como comumente é na vida de um sertanejo, na vida de um nordestino. E isso me fez pensar muito no texto que havia escrito "Você já concluiu seus estudos?". E me fez pensar mais ainda e especificamente na frase do filme "O aluno", que até cito no texto: "você não termina de aprender enquanto não tiver terra em seus ouvidos".

E, mais do que admiração, e de ter PARADO PRA PENSAR novamente sobre a conclusão dos nossos estudos, eu parei também pra pensar sobre o quanto eu poderia também devolver para aquele senhor o sentimento que ele me proporcionou. Mas como? Simplesmente valorizando aquilo. Eu poderia ter ido até ele e compartilhado o que eu estou escrevendo aqui agora (depois da formatura), exatamente isso. Tenho certeza que isso faria bem pra ele, valorizaria seu esforço, e poderia motivá-lo mais ainda para sempre continuar nesse sentido. Lembro sempre, há muitos anos, de uma vez que, em uma livraria, quando abri a biografia de Einstein. A primeira frase que li: "A vida é como andar de bicicleta: para ter equilíbrio você tem que se manter em movimento". É isso: se você para de aprender, para de sonhar, para de seguir seu caminho, você cai, você morre enquanto existência (permanecendo apenas como substrato).

E também surge a curiosidade: qual a real idade daquele senhor, o que havia feito todo esse tempo antes, seria a segunda ou terceira graduação, teria agora realizado o sonho de se formar em algo, teria iniciado uma graduação após a aposentadoria? Não sei, assim como também não sei se é paraibano, nem se é do sertão. Não sei de nada, simplesmente porque perdi a OPORTUNIDADE. Já discutimos em texto anterior sobre oportunidade. E essa passou. Perdi. E o tempo corre pra frente. Mas serve de experiência para uma ocasião semelhante no futuro.

Então, quando acharmos que estamos velhos demais para estudar ou que já concluímos os nossos estudos, é bom não só PARAR PRA PENSAR, como também usar a história desse cara como exemplo.

Forte abraço!

Rafael Urquisa